domingo, 27 de setembro de 2009

RELAÇÃO MATURAMA PIAGET


Enquanto Piaget aprofundou seu estudos construindo a epistemologia genética, Maturama também formulou sua teoria da construção do conhecimento, nomeando-a como Biologia do Conhecer, “contando com os efeitos subjetivos resultantes de modificações na estrutura da convivência” (REAL, 2007, p.1), em outras palavras: ênfase nas relações afetivas que permeiam a aprendizagem. Por isso mesmo este autor questiona o representacionismo que ignora a ação subjetiva do sujeito na construção de conhecimento, afirmando que: “A atividade cognitiva explica-se pela hipótese segundo a qual um sistema age a partir de representações internas.”(VARELA, 2002).
Portanto, a percepção é um processo ativo na produção de hipóteses, e não um simples espelho de um determinado ambiente,(REAL, 2007, p. 3), como postula o representacionismo. Sendo assim, somos co-autores da existência humana, não somente na produção de conhecimentos, mas também na re-construção de realidades.

Segundo Maturama: “a realidade que vivemos depende do caminho explicativo que adotamos, e este depende do domínio emocional no qual nos encontramos no momento da explicação"(MATURAMA,1999, p. 265)

O acoplamento estrutural, assim nomeado por Maturama, é o resultado das interações entre o sujeito, o objeto e o meio, o que Piaget chamava de processo de aprendizagem: assimilação, acomodação, adaptação, equilíbrio, conflito, construindo mecanismos, estruturas de de aprendizagem.

domingo, 20 de setembro de 2009

* MEIOS DE PRODUÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO


Assim como a invenção do fogo, da roda, da escrita foram tecnologias determinantes de transformações, em suas épocas, nos destinos da humanidade, a linha de montagem em série, desenvolvida pela Ford, não alavancou apenas mudanças tecnológicas, no campo do trabalho, mas sistematizou um novo modo de produção impulsionando a Revolução Industrial, a re-estruturação dos meios de produção, promovendo a ideologia capitalista e seus desdobramentos no campo social, político e cultural, em âmbito mundial. A educação, enquanto movimento cultural da sociedade, também é produto e alvo destas transformações.

Advem desta formatação ideológica, a educação fragmentada em disciplinas e saberes desconectados que temos hoje. Tal compartimentalização de saberes reflete aquelas estruturas de dominação promovidas para que os trabalhadores atuassem mecanicamente, sem consciência, valor e amplitude de seus direitos e fazeres, como peças de uma gigantesca engrenagem, que poderia ser substituída ao menor desgaste. Mesmo que este modelo de educação esteja comprovadamente falido e a sociedade clame por mudanças, mesmo assim, se insiste em manter esta estrutura educacional que gera exclusão e dominação. Um novo paradigma tecnológico já se projeta e a necessidade de mudanças urge.

“Os novos modelos de produção industrial, sua dependência das mudanças de ritmo nas modas e necessidades preferidas pelos consumidores e consumidoras, as estratégias de competitividade e de melhora da qualidade nas empresas, exigem das instituições escolares compromissos para formar pessoas com conhecimentos, destrezas, procedimentos e valores de acordo com esta nova filosofia econômica.”(Santomé,1998, p. 19)

Vislumbra-se, no horizonte educacional, então, finalmente mudanças, mas estas reguladas pela necessidades do mercado, suscitando flexibilidade, descentralização e autonomia, em suma, qualificação que deve ser medida a partir de padrões empresariais de eficiência e competência.

Atualmente já percebemos a ação destes mecanismos: índices de avaliação, avaliação externa, provas (SAEB, SAERS, IDEB, ENEM) promovidas pelos órgãos que deveriam dar suporte técnico-estrutural a educação, prestando-se ao mero papel de avaliadores, se auto-descomprometendo, com sua função de mantenedores; formação continuada de professores como únicos responsáveis e incompetentes em gerir o processo educacional, onde a educação não é prioridade, mas discurso eleitoral para arrecadar votos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

REFLETINDO SOBRE OS FÓRUNS


Quando iniciamos nossos estudos no PEAD e começamos a construir nossas aprendizagens, pairava, em mim uma dúvida: como iremos enriquecer nossa formação sem a interação presencial, sem as trocas de experiência, afeto, coleguismo e companheirismo, conhecimentos e aprendizagens, posto que a mesma é fundamental para nosso crescimento individual e coletivo da formação, necessários a uma graduação de qualidade?
Eu ainda não vislumbrara a proposta de interacionista da educação a distância, que era meta desta instituição: vencer a distância com a presença significativa, síncrona ou assíncrona.
Atualmente, tendo vencido seis semestres de estudos tenho outra visão de estudos a distância, assim como, de sócio-interacionismo, enquanto proposta de ensino e aprendizagem. Constato a riqueza de nossos fóruns, as reflexões e aprendizagens de cada um e a caminhada percorrida por todos, neste grande exercício de construir e re-construir a si mesmo, provocada pelas interações e propostas de ensino.
Ao ler o texto “Aprender com os outros” de autoria da professora Luciane Corte Real, vislumbrei o nosso curso e a proposta do PEAD, claramente delineada: aprendizagem fundamentada, segundo Piaget e a descrição da professora, nas “relações que se estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer.” (Real, 2007,p.1)

“O encontro com este outro só poderá se dar a partir da estrutura cognitiva (que, de início, é reflexa) de cada um dos envolvidos no processo, necessitando de um longo processo de descentração de cada um dos participantes para a distinção dessa alteridade.” (Real, 2007, p.1)

Foi o que aconteceu conosco, inicialmente nos fóruns e interações: estávamos centrados em nós mesmos, no que havíamos acumulado, enquanto bagagem de vida, com medo de desconstruirmos algumas certezas transitórias e com muitas dúvidas relativas. Atualmente, percebo que já realizamos o processo de descentração, relativamente e buscamos valorizar as trocas, intervenções e contribuições entre nós, como forma de crescimento mútuo e coletivo, na formação. ISTO SIGNIFICA CRESCIMENTO, PROGRESSOS, APRENDIZAGEM.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

* O LIVRO DIDÁTICO EM COMÊNIO


Para contexto da época, o ensino tradicional diretivo, baseado na inciativa e condução do processo centrada na pessoa do professor, Comênio buscou associações com as vivências de seus alunos, sistematizadas em desenhos para a construções de referenciais alfabéticos, isto é, as letras e respectivos sons; partindo destas associações significativas, para aquele contexto, na efetivação um código fonêmico para o ensino da escrita e leitura, sem desprezar, mas relacionando, o latim, língua fluente para a época, e o alemão como língua Pátria. Os alunos eram induzidos a relacionar fenômeno- desenho, fonema e letra na construção de um código de escrita e leitura.

Em sua obra DIDÁTICA MAGNA, Comênio apresenta didática como maneira eficiente e segura de ensinar e aprimorar o ser humano durante o processo educacional, descrevendo os fundamentos necessários à eficácia do mesmo. É surpreendente constatar a amplitude e profundidade sobre a visão das práticas pedagógicas, que Comênio já apresentava no século XVII, bastante avançado para sua época. O fundamento de suas reflexões embasam o que, atualmente, são nossos princípios de nossa ação pedagógica, aos quais cito: o respeito a capacidade de compreensão do aluno, sua motivação, a graduação das dificuldades em atividades propostas, educação para todos os grupos sociais, a valorização das experiências do aluno, como referenciais estruturais para a construção de novos conhecimentos e aprendizagens, o relacionamento fraterno entre professor e aluno, buscando no estabelecimento de vínculos afetivos a superação das dificuldades pessoais e educacionais. Nossas práticas pedagógicas estão permeadas pelos fundamentos que Comênio, em seu tempo, preconizava, porém sem que soubéssemos de suas reflexões e princípios, desde a formação no Magistério, foram amplamente discutidas e implementadas. Ex.: O construtivismo desenvolvido hoje, assim como, o Orbis Pictus, é uma construção na busca de referenciais significativos, em seu contexto, para a aquisição do código de escrita e leitura no processo de alfabetização (para dar um exemplo).

*DESENVOLVENDO AUTONOMIA E CRIATIVIDADE

A partir da leitura do texto "O Menininho" de Helen Buckley construí a seguinte reflexão, segundo as provocações da titular da interdisciplina:

Viemos de uma escola tradicional que privilegia modelos de racionalização como forma de formatação e controle intelectual, político e social (ditadura militar). Muitos de nós, professores, sofremos os revezes deste modelo ideológico que privilegiava a manipulação das massas conforme a classe dominante de então. O resultado disto são pessoas sem iniciativa, criatividade, dependente das opiniões externas, incapazes de produzir com autoria e autonomia. O primeiro desafio frente a aquele aluno será resgatar a auto-estima do menino, valorizando suas iniciativas e saberes, suas capacidades, incentivando-o a exprimí-las através dos trabalhos propostos, enfocando o prazer de produzir algo único, valorizando sua autoria.

Minha postura pedagógica é aquela que propõe atividades e sugere formas de realizá-la, abrindo espaço para inciativas peculiares de cada aluno. Se proponho um desenho temático esclareço o objetivo que quero com a atividade e abro para as intervenções e interações do aluno, assim como valorizo as concepções por ele manifestadas na construção de sua obra, seja ela desenho, pintura, modelagem, construção textual, etc. Este posicionamento propõe metas a atingir, sem desprezar as etapas e diferentes níveis de produção, assim como, favorece a iniciativa, privilegia a autoria e desenvolve autonomia.

Sempre me perguntei isto: que aprendizados meus alunos levam consigo para a vida? Recentemente um ex- aluno passou por mim e exclamou:"-Violência só leva a mais violência, né professora Marta?!" Percebi que minha maior contribuição pedagógica e humana para a formação de meus alunos é a escala de valores por traz de minhas posturas e atitudes: aquilo que não digo, mas que me move, naquilo que acredito e é coerentemente explicitado em minhas práticas: o amor e o prazer de educar. Já encontrei vários alunos que, após terem crescido, recordam-se prazeirosamente das aulas e da atenção a eles devotada. Penso que minha marca é o amor e respeito ao ser humano em formação, proposta de ações embasadas em valores, juntamente com a dedicação.

PEAD VII- SEMESTRE

Neste sétimo semestre de estudos, no PEAD, construiremos muitas reflexões, enquanto evidências de aprendizagens nas seguintes interdisciplinas:
  • DIDÁTICA, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO;
  • EJA- Educação de Jovens e Adultos no Brasil;
  • LIBRAS- Linguagem Brasileira para a educação de Surdos-mudos;
  • LINGUAGEM EM EDUCAÇÃO;
  • SEMINÁRIO INTERADOR VII