sábado, 25 de setembro de 2010

O CONTEXTO PEDAGÓGICO DA PESQUISA NO TCC


No semestre anterior havíamos estudado o desenvolvimento infantil à luz de Freud, onde conhecemos as fases deste desenvolvimento e, segundo o autor, o impulso sexual que movia até mesmo a busca do conhecimento.

No IIIº semestre conhecemos, aprofundamos e aprimoramos a utilização de várias linguagens interdisciplinares, tendo como a diretriz pedagógica o desenvolvimento de aprendizagens junto ao aluno: as artes visuais, o teatro, a música, a literatura infantil, a ludicidade. Essas interdisciplinas abordaram, em suas respectivas áreas, propostas dinâmicas de construção de aprendizagens, socialização, criatividade, auto-expressão, reflexão literária, sensibilização estética musical e lúdica, assim como, provocações e desafios à nossa práxis educacional.

Na interdisciplina Ludicidade refletimos como proporcionar a aprendizagem com prazer promovendo a interação através de atividades lúdicas como jogos, brincadeiras, brinquedos, usando de sua capacidade emocional e racional para desenvolver suas potencialidades. Este aprendizado foi muito proveitoso, pois só de propor vamos brincar, vamos jogar, o contexto de aprendizagem se torna lúdico e a aprendizagem flui naturalmente como brincadeira. Tenho essa prática com meus alunos de propor atividades com a cara de jogo ou brincadeira.
Em meu portfólio registrei esta reflexão:
"Enquanto a criança brinca exercita, em suas interações, os valores éticos, culturais, religiosos, morais, das relações sociais que ela vivencia. Ela recria, para si mesma, um mundo ideal, de sonhos, que irá contrastar com a realidade, onde poderá assumir uma postura passiva de aceitação ou de transformação ativa, conforme os valores e verdades que ela praticou ao brincar. Para a criança brincar significa o exercício de posicionar-se frente à vida, sem medo de ser feliz, ludicamente" e, acrescento ainda, tomando para si a ação e os resultados desta ação, sendo sujeito capaz de responsabilidade e conseqüência de seus atos, construindo uma identidade autônoma, participativa e fraterna em suas interações, aprendendo a respeitar o outro, aceitar seus limites. E tudo isso, prazerosamente, através da brincadeira e do jogo.

Numa sociedade globalizada onde crianças brincam de interagir com jogos eletrônicos, correspondem-se com amiguinhos, em tempo real ou não, descobrem interesses novos a cada momento e, a cada minuto, são bombardeados com novas informações que, esta pesquisa, torna-se interessante ao buscar dados relevantes sobre a realidade em transição: qual a influência ou participação destas novas mídias, no processo de letramento que alavanca a alfabetização?

domingo, 12 de setembro de 2010

LETRAMENTO DIGITAL E IDEOLOGIAS...

Evidenciando minhas aprendizagens, no segundo semestre do PEAD, construí a seguinte reflexão:

“Entre os estudos que realizamos sobre os filósofos da antiguidade, sua concepções, reflexões e as influências que provocaram e continuam influenciando em nossa atualidade, estudamos Marx e Engels que, vivenciando a Revolução Industrial já criticavam o surgimento da instituição Escola como mecanismo de reprodução do poder instituído, ou seja, a escola como a conhecemos hoje surge da necessidade do Estado de instrumentalizar (capacitar) operários para as funções programadas nas linhas de montagens das grandes indústrias. Por isso, o conhecimento fragmentado e compartimentalizado, em disciplinas, ainda é mantido até hoje, pois serve a esta ideologia detentora e dominadora de poder instituído, isto é, ao capitalismo.“ (CAPISTRANO, Marta. 2007. Reflexão- Síntese IIº semestre- PEAD- URFGS)

Tal constatação remete-nos a uma projeção histórica, considerando o advento de um novo paradigma social e educacional, ao qual Levy nos alerta:


O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber. [...] As novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas empresas, quanto nas escolas (LEVY, 2000a, p. 172).

A citação acima questiona as novas relações de saber/ modos de produção e implicações sócio-econômicas em perspectiva, de serem construídas. Somos privilegiados por vivermos este contexto histórico de transição e transformação, porém ainda não podemos prever os desdobramentos ideológicos, político, econômico, sociais e educacionais advindos destas mudanças, nem seu impacto sobre as novas gerações. Quem viver verá...
Justifica-se, pois a necessidade de pesquisar, investigar e projetar estudos que aprofundem o tema em questão: o letramento digital na alfabetização (ideologia e função libertadora ou conservacionista?).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

BUSCANDO JUSTIFICATIVAS AO TCC

Durante a construção da Reflexão-síntese, do primeiro trimestre, que intitulei MEMORIAL DE UMA PROFESSORA EM UMA NAU VIRTUAL, mesmo sem prever o tema de meu TCC, eu já ponderava:
“Também foi possível vislumbrar, através da interdisciplina Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação, nosso futuro educacional com o uso da informática e de novas ferramentas que já começam a despontar em práticas pedagógicas atuais. Assim como a Revolução Industrial foi um marco, não só para a economia mundial, mas para a construção social sob um novo paradigma, do capitalismo inicial, da mesma forma, percebo que o uso a informática na educação lançará novas bases para a educação mundial, assim como a edificação de novas estruturas sociais, econômicas e políticas, pois haverá supremacia para o povo ou nação que obtiver, no domínio da tecnologia, da informação e na formação coletiva, a educação, o gerenciamento de suas necessidades e esta potencialidade para administrar suas realidades prementes.” É o que compreendemos nas palavras de Marx e Engels: “As relações entre diferentes nações dependem do estágio de desenvolvimento das forças produtivas, da divisão de trabalho e das relações internas de cada uma delas. “(Karl Marx e Friderich Engels, A Ideologia Alemã, pág 5); disponível em: http://www.scribd.com/doc/6932842/Marx-e-Engels-A-Ideologia-Alema, acessado em 07/09/10.Edição Ebooks do Brasil.


Em meu despertar inicial sobre os novos modos de produção, alavancados pelo uso de novas tecnologias, já refletia e indicava o que estamos vivenciando: o advento de um novo paradigma educacional, ao qual a instituição escola ainda não está devidamente estruturada, em sua coletividade. Também por isso justifica-se a escolha de minha proposta de ação, no Estágio de Docência e de investigação neste TCC.

“Tal esforço se justifica pela relevância do tema, visto que comprovar a importância e função do uso de tecnologias no processo de letramento e alfabetização poderia servir de indicativo e demonstrativo de avanços nesta área, servindo de indícios e subsídios para sustentação teórica e instrumental de ensino, assim como evidenciando consonância como os novos paradigmas sociais, refletindo sobre novos modos de produção a partir da era digital que vislumbramos. Também é preciso destacar que a natureza deste estudo permitiria projetar possíveis vantagens e desvantagens da implementação de Arquiteturas Pedagógicas, como proposta pedagógica, já nos anos iniciais, impulsionando e potencializando o desenvolvimento educacional de todo o ensino nacional.” Capistrano, Marta. Construindo o TCC, pág. 5)

INICIANDO O TCC

Durante todo o Estágio de Docência me chamou atenção as diferenças gritantes de bagagens e letramentos que meus alunos trouxeram consigo. Alguns freqüentaram creches, escolinhas, balet, taekondo, lan houses e faziam uso de vídeo-games, lep top de brinquedo, computador e notebook dos parentes, CDs e DVDs, MP3, etc. e outros somente as vivências familiares com e sem estímulos a alfabetização.

Na turma as realidades humanas eram contrastantes: desde crianças infantilizadas, falando como bebês, gagueira, dificuldade de organizar pensamentos e palavras (expressão), distúrbios de conduta e déficit de atenção convivendo com outras em nível alfabético buscando a leitura fluente e escrita correta de palavras e frases. Fiquei surpresa com o universo tão diversificado desta clientela que situa-se nas classes C e D, onde seus responsáveis são trabalhadores assalariados ou desempregados.

Interroguei-me, então: por que sendo estas crianças da mesma faixa etária, vivendo na mesma localidade, ambientadas na mesma regionalidade urbana e gaúcha e, dentro de um mesmo país, apresentam tamanhas diferenças de preparo, bagagem, estímulos, facilidades e dificuldades, autonomia e passividade?

Não foi preciso pensar muito para ponderar: precisamos considerar que as desigualdades sociais que permeiam nosso país e suas especificidades regionais são variadas e determinantes para a construção do universo familiar, cultural, econômico, político e social, do aluno e que irão incidir direta e conseqüentemente em diferentes vivências e bagagens consolidadas, ou não. Os diferentes usos das tecnologias disponíveis também atuarão promovendo o processo de letramento e construção da leitura de mundo pelo educando.

Tais constatações vem de encontro ao seguinte questionamento: as práticas e usos de leitura e escrita experienciados na família, escola e sociedade seriam determinantes para a auto-construção do letramento e, a conseqüente alfabetização?


Resolvi, então, investir nesta realidade tão contundente, que em várias oportunidades, com diferentes turmas, tive a oportunidade de enfrentar e ter de administrar, mas sem uma pesquisa mais aprofundada do tema.

OBJETIVOS DA PESQUISA:

Investigar diferentes níveis de letramentos e bagagens já construídas, pelos alunos, preparatórias a alfabetização;
Verificar o uso de tecnologias no processo de letramento e sua importância;
Comprovar a contribuição da proposta de Arquiteturas Pedagógicas desenvolvida junto à turma.

JUSTIFICATIVA

Tal esforço se justifica pela relevância do tema, visto que comprovar a importância e função do uso de tecnologias no processo de letramento e alfabetização poderia ser indicativo e demonstrativo de avanços nesta área, servindo de indícios e subsídios para sustentação teórica e instrumental de ensino, assim como evidenciando consonância como os novos paradigmas sociais, refletindo sobre novos de modos de produção a partir da era digital que vislumbramos .

Também é preciso destacar que a natureza deste estudo permitiria projetar possíveis vantagens e desvantagens da implementação de Arquiteturas Pedagógicas, nos anos iniciais, impulsionando e potencializando o desenvolvimento educacional de todo o ensino nacional.

Buscando definir a temática proposta no Relatório de Estágio (Quais são as contribuições das Arquiteturas Pedagógicas no processo de letramento e alfabetização?) e delimitando num enfoque interessante de ser investigado, intitulei, provisoriamente, meu TCC de LETRAMENTO DIGITAL NA ALFABETIZAÇÃO.