domingo, 21 de junho de 2009

REFLETINDO SOBRE INCLUSÃO


Realizando as leituras previstas para esta discussão deparei-me com aquela situação descrita no texto Deficiência Mental de Maria Sylvia Cardoso Carneiro, onde a autora escreve sobre os “Diferentes olhares sobre a deficiência mental a partir de Jean Itard”.

A autora descreve o desafio que Itard assume ao aceitar a tarefa de educar o menino selvagem, então conhecido como Victor de Aveyron, principalmente após do célebre Philippe Pnel já tê-lo diagnosticado como idiota, sem esperança de ser educado.

Reflexão sobre o fato: Se um psiquiatra de reputação inquestionável e conhecedor do assunto pode tecer um diagnóstico excludente, sem considerar o ser humano, que por ser humano apresenta-se em constante construção, portanto capaz de novas aprendizagens até o final de seus dias, quanto mais nós, simples mortais, somos capazes destas avaliações parciais que levam em conta apenas a nossa individualidade ( pra não dizer umbigo).
Não quero, nem desejo defender ou acusar ninguém, mas alertar de somos capazes de avaliações parciais de caráter, de justiça, de preconceito, de acomodação. Então, com que olhar e sobre que ótica estamos enxergando o nosso aluno?Aquele, de nossa acomodação, ou, como Itard o abraço do desafio e do respeito humano que o nosso aluno merece?

No filme A História de Peter, um documentário verídico, do processo de inclusão de um menino com um quadro de deficiência mental, o olhar da professora frente a evolução do menino também foi se transformando a medida que ela percebe que aquele ser humano é capaz de mobilizar suas capacidades e transformar a si mesmo, apesar de suas dificuldades. Será que podemos negar este direito a um outro ser humano em formação?

Estes textos, vídeos e esta interdisciplina me fizeram refletir que, apesar das dificuldades, este desafio é possível de se abraçar, mesmo porque já praticamos inclusão há muitos anos, só que sem legislação, laudo, apoio ou suporte pedagógico. Só com o amor ao ser humano. Sei que há profissionais descomprometidos, mas há outros que, silenciosamente, dignificam a vida do ser humano.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

EDUCAÇÃO PARA ADORNO E KANT


Ambos primam pela educação como forma de humanizar o próprio homem , utilizando-a como instrumentalizadora de mentes e consciências capazes de dignificá-lo elevando-o a condição de autonomia para o bem comum, na construção uma realidade dignificante, numa sociedade que valorize o direito e o respeito a vida.

Entre outras intervenções Kant manifesta seu ideal:
“A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda a humana espécie a seu destino.”

Já Adorno demonstra sua preocupação e ideal manifestando a seguinte reflexão:
“Se falo da educação após Auschwitz, tenho em mente dois aspectos: primeiro, a educação infantil, sobretudo na primeira infância; depois, o esclarecimento geral, criando um clima espiritual, cultural e social que não dê margem a uma repetição; um clima, portanto, em que os motivos que levaram ao horror se tornem conscientes, na medida do possível.”

Portanto, ambos defendem a educação como forma de dignificação do ser humano, promovendo a superação da selvageria e barbárie que o homem sem educação, moral e ética é capaz de promover.
Por outro lado Kant, em sua reflexão Sobre a Pedagogia, defende que:

“Um erro, no qual se cai comumente na educação dos grandes, é o de não se Ihes opor nenhuma resistência durante a juventude, porque estão destinados a comandar. No homem, a brutalidade requer polimento por causa de sua inclinação à liberdade.”

“O homem tem necessidade de cuidados e de formação.

A formação compreende a disciplina e a instrução.”

“Quem não tem cultura de nenhuma espécie é um bruto; quem não tem disciplina ou educação é um selvagem. A falta de disciplina é um mal pior que falta de cultura, pois esta pode ser remediada mais tarde, ao passo de que não se pode abolir o estado selvagem e corrigir um defeito de disciplina.”

Aparentemente, as posturas defendidas pelos pensadores parecem ser antagônicas, mas se analisarmos com maior profundidade e reflexão perceberemos que estas são complementares, pois ambos descrevem a necessidade da disciplina para o desenvolvimento e aprimoramento humano, como forma de lapidar a essência humana. Adorno demonstra e exemplifica, através de Auschwitz, as condutentes formas que a disciplina pela discilplina produzem no ser humano: frieza, arrogância, insensibilidade e desumanidade. Kant demonstra a necessidade da disciplina bem dosada é essencial para o aperfeiçoamento do caráter do homem. O sim e o não, os limites, o respeito para com a opinião e pela vida do outro passam também pelo uso e aplicação corretos da disciplina.