segunda-feira, 29 de novembro de 2010

TCC-UMA PROPOSTA OUSADA DE PESQUISA

Este Trabalho de Conclusão de Curso vem debruçar-se sobre uma das maiores preocupações e interrogações da educação: o sucesso ou fracasso da alfabetização e, consequentemente, do ensino formal. O que permitiria ao aluno avançar mais rápida ou lentamente nesta conquista, com maior ou menor autonomia?

Esta reflexão remete-nos à investigação a respeito dos letramentos vivenciados por cada criança, a partir do seu universo familiar, de sua comunidade e da sociedade em que vive. Merece nossa pesquisa em particular, pois favorece, ou não, o processo de alfabetização, que servirá de suporte ao desenvolvimento de estruturas cognitivas e mecanismos de aprendizagem necessários à construção de novos conhecimentos. Tal proposta também visa deter-se nos recursos tecnológicos que a infância vem desfrutando atualmente: as mídias de entretenimento e informação. Verificar a influência e participação destes instrumentos junto ao letramento é uma das metas a serem perseguidas neste estudo.

A partir das experiências vividas, em foco, no Estágio de Docência desta graduação, aflorou a observância de diferentes bagagens construídas, ou não, pelos alunos que apresentam diferentes níveis de letramento ao ingressarem na escola, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A caracterização inicial da turma 11/2010, no Relatório de Estágio, já evidenciava:

Há um nível variado de experiências trazidas na bagagem destes alunos: há aqueles que frequentaram creches, escolinhas, pré-escola e aqueles que vieram de suas famílias sem terem sido estimulados a desenhar, escrever ou conviver em grupo, há alunos que já leem e escrevem com fluência, assim como, aqueles que não sabem como segurar o lápis ou direcionar ou olhar para quem fala. A interação entre estes sujeitos é bastante enriquecedora, pois as trocas de experiências são constantes e apresentam níveis diferentes de autonomia, o que contribui para o desenvolvimento de todos. (CAPISTRANO, Marta. Relatório de Estágio. 2010, pág 07)

Tal constatação vem ao encontro do seguinte questionamento: as práticas e usos de leitura e escrita experienciados na família, escola e sociedade seriam determinantes para a construção do processo de letramento e a consequente alfabetização?

Segundo Magda Soares, “letrar é mais que alfabetizar é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.” (Soares, 2003) A Doutora em Educação é enfática ao afirmar:

O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita. Portanto, é necessária a prática social da leitura que pode ser feita, por exemplo, com o jornal, que é um portador real de texto, que circula informações, ou com a revista ou, até mesmo, com o livro infantil.

Os elementos até aqui considerados permitem supor que a educadora conceitua e preconiza a contextualização significativa e o uso de tecnologias apropriadas na construção de letramentos socialmente comprometidos. Também precisamos considerar que as desigualdades sociais que permeiam nosso país e suas especificidades regionais são variadas e determinantes para a construção do universo familiar, cultural, econômico, político e social do aluno e irão incidir direta e consequentemente em diferentes vivências e bagagens consolidadas, ou não. Os diferentes usos das tecnologias disponíveis atuarão promovendo o processo de letramento e a construção da leitura de mundo, pelo educando.

Com o intuito de aprofundar tal compreensão foram observados e acompanhados alunos do primeiro ano do ensino fundamental. Ao ingressarem na escola, durante o período de Estágio de Docência que realizei, os mesmos foram sujeitos da Pesquisa de Campo, que constituiu este estudo. Esta foi realizada através de experimentação diária em propostas de atividades desenvolvidas, entrevistas junto aos responsáveis e questionário diagnóstico de vivências de letramentos, digitais ou não.

Tais sujeitos, alunos na faixa etária de 6 e 7 anos, foram analisados durante o seu turno escolar (manhã), no primeiro semestre do ano de 2010, numa escola estadual do município de Gravataí, RS.


A pesquisa junto aos sujeitos mencionados tinha por objetivo:
Investigar diferentes níveis de letramento e bagagens já construídas, pelos alunos;
Verificar a possibilidade do uso de tecnologias no processo de letramento e sua importância;
Comprovar a contribuição da proposta de Arquiteturas Pedagógicas desenvolvida junto à turma.


Tal esforço se justifica pela relevância do tema, visto que comprovar a importância e função do uso de tecnologias no processo de letramento e alfabetização poderia servir de indicativo e demonstrativo de avanços nesta área, servindo de subsídios para sustentação teórica e instrumental de ensino, assim como evidenciando consonância com os novos paradigmas sociais, que se coadunam com novos modos de produção a partir da era digital que vislumbramos. Também é preciso destacar que a natureza deste estudo permitiria projetar possíveis vantagens e desvantagens da implementação de Arquiteturas Pedagógicas, nos anos iniciais, impulsionando e potencializando o desenvolvimento educacional de todo o ensino nacional.


Finalmente cabe enfatizar que tal temática vem sendo amplamente estudada e discutida por diferentes autores, em suas diferentes áreas de atuação, buscando construir sustentação teórica e metodológica para, com segurança, trilharmos caminhos educacionais, de libertação e autonomia responsável para as novas gerações, conquistando dignidade conferida e merecida por todos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

APRENDIZAGENS COM O TCC

Construir uma pesquisa e elaborar um estudo amplo e complexo está sendo um desafio e tanto, porém possível de ser efetivado. Se aprende muito mais do que se registra no trabalho, em si; amplifica-se visões de mundo e realidade; compreende-se a teoria que sustenta a prática, numa interminável reflexão, que leva a outras construções: uma verdadeira história sem fim.
Ser autora de novas conhecimentos desperta o ego, a vaidade, mas pesa mesmo é a responsabilidade sobre o que foi produzido.
ALGUMAS EVIDÊNCIA JÁ CONSTRUÍDAS NO TCC
Retomando o questionamento inicial: : as práticas e usos de leitura e escrita experienciados na família, na escola e sociedade seriam determinantes para a construção do processo de letramento e a consequente alfabetização?

Através da reflexão e análise de vários estudiosos da área, no assunto e seus pressupostos, da prática pedagógica em foco, durante o estágio de docência, da pesquisa de campo, estudo múltiplo de casos, a até então, interrogativa inicial, consubstanciou-se em uma afirmativa comprovada, também confirmada em Vigotsky apud Iglesias, 2010:

[...]as funções do desenvolvimento da criança começam no âmbito social, desde o seu nascimento, assim como o aprendizado. Todo conceito trabalhado na escola apresenta um grau de experiência anterior, desta forma, aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados. Para aprendermos algo, temos que estar emergidos em um meio, onde nos possibilite, o contato com aquilo que queremos aprender. “O ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento”.


Já Ramal (2002) considera que “as transformações culturais, as novas condições de produção dos conhecimentos levam a novos estilos de sociedade nos quais a inteligência é o produto de relações entre pessoas e dispositivos tecnológicos”. Partindo desse pressuposto mudam as formas de construção do conhecimento e os processos de ensino aprendizagem, também produzindo novas compreensões das relações de trabalho, cidadania e aprendizagem; o impacto das novas tecnologias.
Este estudo também comprova a importância dos vários letramentos que devem compor a bagagem necessária ao desenvolvimento do processo de alfabetização e, que são essenciais à construção de estruturas cognitivas, cada vez mais complexas, enquanto mecanismos de aprendizagem, fundamentais à tecitura de redes de conhecimento e aprendizagem futuras. Segundo Xavier (2005) “o professor precisa aprender letramentos que o aluno domina tanto quanto o aluno precisa aprender letramentos que o professor domina, e ambos precisam fazer isso enquanto dão conta do que seus pais, formuladores de parâmetros e futuros empregadores esperam da escola.”

Outro aspecto a ser considerado diz respeito a conjunto de políticas públicas para a educação: elas precisam aprofundar o combater as causas de insucesso e repetência com programas eficazes e comprometidos com a qualidade na educação. Promover diversas formas de letramentos, na escola, seria uma fonte e ponte segura de aprimoramento e desenvolvimento cultural preparatórios à alfabetização e à construção de saberes nas aprendizagens futuras. Nas palavras de Magda Soares também constatamos esta reflexão: “[...]o nível de letramento de grupos sociais relaciona-se fundamentalmente com as suas condições sociais, culturais e econômicas. É preciso que haja, pois, condições para o letramento”. (Soares, 1998, p26).
A autora relaciona escolarização real e efetiva da população e disponibilidade de material de leitura, de qualidade:
[...] criar condições para que os alfabetizados passassem a ficar imersos em um ambiente de letramento, para que pudessem entrar no mundo letrado, ou seja, num mundo em que as pessoas têm acesso à leitura e à escrita, têm acesso aos livros, revistas e jornais, têm acesso às livrarias e bibliotecas, vivem em tais condições sociais que a leitura e a escrita têm uma função para elas e tornam-se uma necessidade e uma forma de lazer.Soares,1998, p 26)

Portanto, não podemos desprezar que é necessário um conjunto de políticas públicas que garantam dignidade e cidadania às famílias menos favorecidas: trabalho e renda, saneamento e saúde, educação e tecnologias para uma real transformação social e gozo pleno de soberania.

domingo, 21 de novembro de 2010

ENFIM... O TCC

Enfim... meu TCC já tem formatação. Está sendo uma aprendizagem desafiadora, uma vez que é o primeiro, mas não será o último. Eis o resumo desta construção.
LETRAMENTOS DIGITAIS NA ALFABETIZAÇÃO
A pesquisa aqui apresentada investigou os diferentes níveis de letramentos, em um grupo específico de alunos com idades entre 6 e 7 anos, com poder aquisitivo baixo, residentes na periferia urbana de uma cidade gaúcha. Este grupo, embora particular, é representativo de significativa parcela discente da realidade sócio-educacional brasileira. Através de análise múltipla de caso, pretendi observar a participação das novas tecnologias no processo de letramento e alfabetização, no período que antecede ao domínio da leitura e da escrita, onde os alunos também são mediatizados, incidentalmente, pelas mídias de comunicação e entretenimento disponíveis a esse grupo. O estudo foi construído em momentos diferentes de ação planejada: ao longo do Estágio de Docência, sob a e intervenção diária, desta professora, no processo de letramento e alfabetização, na implementação de proposta de Arquiteturas Pedagógicas, na forma de Projeto de Aprendizagem; na pesquisa interativa junto aos alunos e suas famílias, a respeito de suas vivências e em estudo múltiplo de casos

Palavras-chave: letramentos, alfabetização, tecnologias

domingo, 14 de novembro de 2010

APRENDIZAGENS INCORPORADAS

Foram tantas arendizagens contruídas ao longo destes nove semestres de estudo, que só revisando tudo, me dei conta que pulei e não registrei as aprendizagens construídas no IV semestre, e que não poderiam ficar de fora deste inventário.

Neste IV semestre de estudos o PEAD nos proporcionou embasamento teórico-prático necessário ao desenvolvimento das disciplinas de Matemática, Ciências e Estudos Sociais, nas séries ou anos iniciais. Tendo como eixo central e interdisciplinar a construção dos conceitos de tempo e espaço, compreendemos as visões e representações de mundo, a partir da ótica de cada uma das disciplinas citadas anteriormente.

A seguir apresento um paralelo de minhas construções e conclusões nos trabalhos desenvolvidos durante este IV semestre.

“As crianças trazem consigo inúmeras vivências que, desconectadas entre si, não têm seu valor e sua significação reconhecidos. Cabe ao professor evocar tais vivências do aluno re-organizando-as e re-significando-as num contexto educacional de aprendizagem, estabelecendo relações e estruturas mentais para alicerçar novas construções e aprendizagens. Assim são construídas as noções de tempo e espaço nos anos iniciais de aprendizagem.”
“Para as crianças a noção de tempo ainda não pode ser definida, mas pode ser construída, à medida que o egocentrismo vai sendo vencido, ela vai percebendo o seu entorno e ampliando suas concepções que, baseadas em situações concretas vai relacionando com estruturas mais complexas, realizando ensaios, tentativas até abstrair a noção de tempo que acontece por volta dos 9 ou 10 anos. Conforme as leituras que realizamos a criança passa pelos estágios sensório-motor, intuitivo ou pré-operatório até construir no estágio operatório um conjunto de relações de sucessão, simultaneidade e dos intervalos, isto é, durações de tempo e continuidade.”

Partindo sempre das vivências do aluno re-ordenadas e re-significadas cabe ao professor intermediar as situações utilizando-se de questionamentos reflexivos que provoquem e promovam o despertar e o desacomodar dos conhecimentos já construídos, para que estes sejam aprofundados, discutidos, criticados, re-construídos suscitando novas aprendizagens.
Tais aprendizagens serão mais significativas, tanto quanto forem alicerçadas e construídas como redes de conhecimento abordadas em diferentes enfoques.

“Destas redes de conhecimento bem construídas ou não irão proporcionar ao educando a construção de sua leitura de mundo, sua contextualização, postura de inclusão ou não na vida sociedade (pertencimento), auto-estima, auto-crítica, questionamento e crítica social, interação ou passividade social. Daí a importância de um bom trabalho para inserção e comprometimento cidadão para o exercício da vida em sociedade.”
Tais aprendizagens serão mais significativas, tanto quanto forem alicerçadas e construídas como redes de conhecimento abordadas em diferentes enfoques.
Sendo assim, enquanto a Matemática oferece o suporte cognitivo e o desenvolvimento das estruturas mentais para a compreensão do meio social e ambiental, os Estudos Sociais ampliam a consciência de si mesmos nas relações de grupo social e as Ciências Naturais desenvolvem a percepção do pertencimento responsável ao ambiente natural.

Refletindo sobre a contribuição de cada uma destas Representações de Mundo, concluímos que cada uma delas desenvolve e aprimora dimensões diferenciadas de homem: homem racional, homem social, homem bioscêntrico. Cada uma destas dimensões vem despertar e busca promover no aluno a educação voltada para a humanização do próprio homem, isto significa, promover os melhores valores educacionais e virtudes humanas das quais cada ser é capaz de manifestar e aperfeiçoar em si mesmo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

APRENDIZAGENS NO ESTÁGIO

Analisando as reflexões construídas durante este estágio percebi que, ao buscar implementar arquiteturas pedagógicas de relevância na construção do processo de letramento e alfabetização com meus alunos, um processo paralelo e sistemático aconteceu com a minha prática docente: a sustentação teórica da minha prática pedagógica. Desde a construção da minha carta de intenções para esse estágio procurei pressupostos, teorias e autores que se identificavam com minhas concepções de ensino, naquilo que eu acredito e pratico em minha práxis diária.

Agora constato que algo que eu buscava no PEAD, sustentação teórica para a minha prática foi concretizada por meio do uso das mídias na educação, pois tive que buscar autores e teorias, pressupostos e paradigmas para embasarem minhas ações pedagógicas e o uso de mídias, isto é, TICS foi fundamental para esta construção. Consegui articular teoria e prática, ação e reflexão numa re-estruturação interna pessoal e profissional, evidenciada em várias construções reflexivas.

Concluo que o processo, de buscar, projetar e implementar novas arquiteturas pedagógicas de aprendizagem, junto aos meus alunos, também me modificou internamente, transformando, sincronizando e sintonizando teoria e prática, ação e reflexão, re-estruturando meus saberes e fazeres, conectando vida e pedagogia. Percebo que algo que eu perseguia profissionalmente está se materializando: minha qualificação humana e profissional.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ALFABETIZAÇÃO LIBERTADORA

Neste novo milênio outra discussão emerge dentro das práticas educativas dos anos iniciais: letramento ou alfabetização? Letramento e alfabetização é o que os pensadores que lemos sustentam. Não podemos dissociar o processo de codificação e decodificação de códigos (apropriação da escrita e leitura), sem como eles fazer a leitura de mundo e vice-versa.

Kleiman afirma que, sendo a escola o mais importante das agências de letramento, esta vem privilegiando apenas aquisição de códigos(alfabético e numérico), necessários a decodificação da leitura e escrita, introduzindo o sujeito, através do letramento, no processo de alfabetização, visando apenas o sucesso escolar, desprezando o letramento social, oferecidos pela família, igreja e outros grupos sociais existentes (esportes, trabalho, vizinhança, amizades, etc.) A autora relaciona e justifica tais práticas com as concepções desenvolvidas pela ideologia dominante na sociedade atual, que por sua vez alimenta a desarticulação entre oralidade X escrita, prática X teoria, indivíduo X sociedade, cidadania e participação, enfim, letrados e iletrados, constituindo segregações, discriminação e manutenção do regime exploratório, que o capitalismo propõe. Segundo Street, este é o modelo autônomo de letramento, que preconiza a neutralidade deste processo, desconsiderando o contexto social, histórico e criticidade, objetivando apenas a capacidade de interpretar e escrever textos abstratos, dos gêneros expositivo e argumentativo, valorizando o saber dizer, sem uma proposta emancipatória de cidadania.

Em contraponto a este modelo, Street coloca o modelo ideológico que: “pressupõe a existência e investiga as características, de grandes áreas de interface entre práticas orais e práticas letradas”, que dependem dos signicados, aos quais a escrita assume em cada grupo social e dependem do contexto e das instituições em que foram adquiridas. Tal modelo é compatível com os estudos e práxis pregadas por Paulo Freire, que afirmava ser possível “ um processo real de democratização da cultura e de libertação “(Freire, 1980).

Segundo Freire, a linguagem e o poder estão ligados e proporcionam uma dimensão fundamental da ação humana e transformação social. A educação pelo empoderamento é a educação que permite problematizar a realidade em que está inserido o aluno, em que a busca pela libertação reflexiva e crítica fornece subsídios para a emancipação integral do indivíduo. Percebendo estes mecanismos é que Paulo Freire postula uma educação crítica e libertadora, que reflita sobre as estruturas de poder presentes na educação, em especial , na alfabetização, não a reduzindo a simples decodificação de valores sonoros e construção de palavras descontextualizadas, mas uma leitura crítica e não submissa de mundo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO LIBERTADORA

A proposta interdisciplinar do PEAD, do VII semestre alinhou universos bastante diferenciados, caracterizados por peculiaridades culturais e contextos específicos que, entre si, revelam realidades e necessidades educacionais particulares, mas que em comum trazem consigo a premência de uma proposta de ensino libertadora como propulsora do processo de cidadania. Refiro-me a EJA-Educação de Jovens e Adultos, à Comunidade Surda, ao processo de letramento e alfabetização que alavanca o sucesso ou fracasso escolar de todo e qualquer indivíduo.

Em um ensino voltado para a construção da autonomia do aluno, deve-se não apenas questionar a postura das instituições e formadores, assim como, discutir e construir novas propostas e linhas de ação pedagógicas, que promovam, com a participação das comunidades sua identidade , língua e cultura, rompendo com estigmas de incapacidade e exclusão social.

Refletindo sobre mecanismos de dominação que permeiam a sociedade e as instituições, Paulo Freire postula uma educação crítica e libertadora, que reflita sobre as estruturas de poder presentes na educação, em especial , na alfabetização, não a reduzindo a simples decodificação de valores sonoros e construção de palavras descontextualizadas. Mas uma leitura crítica e não submissa de mundo.

Segundo Freire, a linguagem e o poder estão ligados e proporcionam uma dimensão fundamental da ação humana e transformação social. A educação pelo empoderamento é a educação que permite problematizar a realidade em que está inserido o aluno, em que a busca pela libertação reflexiva e crítica fornece subsídios para a emancipação integral do indivíduo.

Logo, o que Freire defende não é apenas um fazer pedagógico diferente e eficiente, ou uma nova metodologia de ensino. Através dos temas geradores e da dialogicidade que eles suscitam, o autor preconiza uma educação contextualizada, significativa, politizada, não partidária, nem neutra, porém libertadora, pois promove a consciência individual e coletiva, crítica e construtiva, visando a transformação social e, consequente, humanização.

Portanto é convencido que a educação deve transformar e libertar o indivíduo que Freire apresenta e defende a construção de temas geradores a partir da leitura de mundo que os educando trazem consigo para, numa constante práxis, tomar posse de sua cidadania: “ para em diálogo com elas, conhecer, não só a objetividade em que estão, mas a consciência que tenham desta objetividade; os vários níveis de percepção de si mesmos e do mundo em que e com que estão.”( FREIRE, 1987)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

APRENDIZAGENS, REFLEXÕES E POSTURAS PEDAGÓGICAS

Revisitando as postagens construídas ao longo do VI semestre de estudos do PEAD, retomo, pontualmente, algumas das tantas reflexões que resultaram em questionamentos, re-construção de saberes e aprendizagens significativas que incidiram sobre minha ação pedagógica.

Segundo Piaget, a construção da aprendizagem acontece mediante ao processo de INTERAÇÃO que promove ASSIMILAÇÃO e ACOMODAÇÃO possibilitando EQUILIBRAÇÃO, gerando ADAPTAÇÃO criando condições de CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO favorecendo a APRENDIZAGEM.
Piaget (1976, p.37) insiste na idéia de que conhecimento é ação, transformação e estabelecimento de relações, pois, “conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo, aprendendo os mecanismos dessa transformação, vinculados com as ações transformadoras. Conhecer é, pois, assimilar o real às estruturas de transformações.”


“Considerando as vivências anteriores do aluno, o professor desafia o aluno a re-significar seus conhecimentos prévios oportunizando novas e significativas situações de aprendizagem para que o aluno possa re-construir seus conceitos agregando novos conhecimentos, manifestando novas posturas e mecanismos de aprendizagem (assimilações e acomodações). Neste processo o papel do professor não deve ser aquele de transmissor do conhecimento, mas de provocador, problematizador das situações que levarão o aluno a refletir sobre o que está realizando, construindo, apreendendo.”


Também Michel Serres, defende como aprendizagem o processo do “outramento” ou mestiçagem, isto é, aprendemos através da interação com os outros, numa constante auto-construção da identidade e de bagagem humana e cultural.

O médico e psiquiatra Jean Itard defende que: “O homem não nasce como homem, mas é construído como homem,”(Pessoti 1984, pg 36) referindo-se a educabilidade de Victor de Aveyron como sendo “insuficiência cultural” e “carências de experiências de exercício intelectuais” em linguagem pedagógica, falta de interação com seres humanos e sua humanidade.

Conforme o professor Fernando Becker, “é preciso inserir mais e maior consciência crítica epistemológica em nossos profissionais para destruirmos esse modelo arcaico de estrutura educacional atual, que reproduz dominação secciona conhecimentos, desconecta realidades (teoria e prática, ensino e vida).”


A partir das construções, acima relatadas, concluo que tais atividades serviram como provocação para re-pensarmos nossas prática educativas, equacionando as posturas adotadas em nosso dia a dia.Se pararmos um pouco para pensar, diariamente, enfrentamos dilemas morais, ético-profissionais, ético-pedagógicos, sociais, humanos, além daquele constante questionamento: nossos posicionamentos são coerentes com aquilo que estudamos, sabemos e acreditamos? Que seres humanos estamos formando? Nossas práticas e posturas estão construindo que cidadãos e que de sociedade?

Estas considerações visam também desacomodar nossas consciências e posturas, no sentidos de alertar que, cada posicionamento adotado, em nossa prática educacional, promoverá um determinado comportamento cidadão em nossos alunos, que servirá a este ou aquele modelo de cidadania e sociedade. Portanto, a educação nunca será neutra, pois servirá a alguma ideologia dominante, seja ela de libertação e construção de uma nova realidade social ou de manutenção das estruturas de dominação.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PESQUISANDO E EXPLORANDO O UNIVERSO ESCOLAR

Naquele quinto semestre de estudos no PEAD o eixo temático gerador de aprendizagens foi a escola enquanto instituição pública, sua organização estrutural nas esferas de poder e a forma na qual esta é administrada, juntamente com a qualidade das relações que permeiam a complexidade deste universo educacional. Constituem-se em evidências as construções, a seguir relacionadas, por esta acadêmica.

RELAÇÕES ESTRUTURAIS DE PODER

O texto que lemos proporciona uma visão crítica e transparente das relações de forças que realmente dominam e são determinantes na esfera do poder. A teoria neoliberal e suas implicações se fazem perceber não somente nas ações do mercado nacional e internacional, bem como acerca das políticas públicas e da educação, onde a avaliação externa representa o novo papel assumido pelo Estado: agora não mais de responsável direto pela educação, mas órgão fiscalizador da qualidade remetendo à Comunidade escolar e à sociedade as suas competências. Além de servir na construção e definição de conceitos importantes a respeito dos desdobramentos estruturais do poder, contextualizamos realidade educacional do país e as ramificações do capitalismo determinando ações ideológicas dentro da escola.

RELAÇÕES E INTERAÇÕES POLÍTICAS

Dentro do enfoque das relações humanas a escola apresenta-se como um espaço muito rico de interações, aprendizagens e conflitos, pois estando o professor, o aluno, funcionários, direção, pais, enfim, a Comunidade Escolar envolvidos numa abrangência democrática, portanto, política, a qualidade das intervenções serão reflexo dos os estágios psicológicas (segundo Erikson) e do desenvolvimento social, político e cognitivo de cada sujeito.

RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO

A relação aluno-professor não pode ser apenas aquela que privilegia o aspecto cognitivo, desprezando a afetividade e a sensibilidade, características das crianças. Pelo contrário, segundo Maturana, é no estabelecimento de laços afetivos que se conquista vínculos de respeito, confiança formando um ambiente propício a aprendizagem.

O papel do professor não pode, nem deve ser aquele de simples transmissor de conhecimento. Maturama afirma e nossa vivências confirmam que o ser humano é um ser social e que aprende interagindo, mas o significado está em ser reconhecido, valorizado, amado, ser importante, ser significativo para alguém. É nesse resgate da relação humana que reside a conquista do ser humano que necessita ser amado e reconhecido, valorizado para poder crescer e desenvolver-se. É na linguagem e na qualidade das relações que se estabelecem vínculos e se resgata a dignidade do ser criança e, até mesmo, adulto.(atividade 1 psicologia- ROODA)

RELAÇÃO COMUNIDADE E ESCOLA

Mesmo na relação professor-professor, professor-direção, professor-pais, isto é, na relação entre adultos, há muitos conflitos a serem administrados. Segundo Érikson: “ a aquisição prévia de um senso de identidade pessoal e a dedicação a um trabalho produtivo, que assinalam este período, dão origem a uma nova dimensão interpessoal de intimidade, num extremo e de isolamento, no outro.” Portanto nesta busca de espaço para a afirmação das concepções de vida, já construídas, acontecem interações, nem sempre harmônicas, o que contribui para o aprimoramento das idéias, aperfeiçoamento de metodologias e construção de aprendizagens, pois é a riqueza das diferenças compõem e aprimoram as relações humanas, num processo de constante aperfeiçoamento coletivo e individual.

“A educação é um “processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro” (MATURANA, 2001, p. 29). Logo, a educação é um processo que se dá no mundo de convivência, porém, ao mesmo tempo, é um processo que se dá no interior do indivíduo. A história de educação de um sujeito faz parte de sua constituição, já que ele é o resultado de suas permanentes transformações nas trocas com o seu meio.”
RELAÇÃO ESCOLA E SOCIEDADE

A escola é compreendida, pelo senso comum da sociedade, como o espaço privilegiado onde acontece o processo de aprendizagem, porém este espaço-processo, não deve ser e não é, o único a proporcionar interação produtiva resultando em transformações de comportamento e incorporando conhecimentos. A sociedade, em seu desenvolvimento social, político e econômico também é, em seus desdobramentos, fonte de aprendizagem, na maioria das vezes em sua informalidade.

APRENDIZAGEM ACADÊMICA

Neste V semestre de estudos o PEAD nos proporcionou, entre tantas descobertas, a privilegiar um processo de aprendizagem dinâmico, baseado na interação do aluno com os diversos segmentos, movimentos, instâncias da sociedade. Através do Projeto de Aprendizagem o educando vai em busca das mais variadas formas de conhecimento social produzidas e, interagindo com seu grupo de trabalho, ultrapassando as paredes e muros da escola, através da internet, indo até as fontes sociais construtoras de conhecimento, articulando-as como teias de aprendizagem extrapolando para além do foco inicial seus conhecimentos.

Com esta proposta dinâmica de ensino o professor não é o único detentor do conhecimento e o aluno não ocupará lugar passivo de expectador de aulas. Ele será sujeito das próprias aprendizagens, enquanto o professor atuará como intermediário desta busca, apoiando e desafiando o educando e junto com ele produzindo novos conhecimentos. Penso ser esta a educação, que em um futuro próximo, irá se consolidar.

.(http://aprendizagensnopead.pbwiki.com/ORGANIZA%C3%87%C3%83O-E-GEST%C3%83O-DA-EDUCA%C3%87%C3%83O

sábado, 25 de setembro de 2010

O CONTEXTO PEDAGÓGICO DA PESQUISA NO TCC


No semestre anterior havíamos estudado o desenvolvimento infantil à luz de Freud, onde conhecemos as fases deste desenvolvimento e, segundo o autor, o impulso sexual que movia até mesmo a busca do conhecimento.

No IIIº semestre conhecemos, aprofundamos e aprimoramos a utilização de várias linguagens interdisciplinares, tendo como a diretriz pedagógica o desenvolvimento de aprendizagens junto ao aluno: as artes visuais, o teatro, a música, a literatura infantil, a ludicidade. Essas interdisciplinas abordaram, em suas respectivas áreas, propostas dinâmicas de construção de aprendizagens, socialização, criatividade, auto-expressão, reflexão literária, sensibilização estética musical e lúdica, assim como, provocações e desafios à nossa práxis educacional.

Na interdisciplina Ludicidade refletimos como proporcionar a aprendizagem com prazer promovendo a interação através de atividades lúdicas como jogos, brincadeiras, brinquedos, usando de sua capacidade emocional e racional para desenvolver suas potencialidades. Este aprendizado foi muito proveitoso, pois só de propor vamos brincar, vamos jogar, o contexto de aprendizagem se torna lúdico e a aprendizagem flui naturalmente como brincadeira. Tenho essa prática com meus alunos de propor atividades com a cara de jogo ou brincadeira.
Em meu portfólio registrei esta reflexão:
"Enquanto a criança brinca exercita, em suas interações, os valores éticos, culturais, religiosos, morais, das relações sociais que ela vivencia. Ela recria, para si mesma, um mundo ideal, de sonhos, que irá contrastar com a realidade, onde poderá assumir uma postura passiva de aceitação ou de transformação ativa, conforme os valores e verdades que ela praticou ao brincar. Para a criança brincar significa o exercício de posicionar-se frente à vida, sem medo de ser feliz, ludicamente" e, acrescento ainda, tomando para si a ação e os resultados desta ação, sendo sujeito capaz de responsabilidade e conseqüência de seus atos, construindo uma identidade autônoma, participativa e fraterna em suas interações, aprendendo a respeitar o outro, aceitar seus limites. E tudo isso, prazerosamente, através da brincadeira e do jogo.

Numa sociedade globalizada onde crianças brincam de interagir com jogos eletrônicos, correspondem-se com amiguinhos, em tempo real ou não, descobrem interesses novos a cada momento e, a cada minuto, são bombardeados com novas informações que, esta pesquisa, torna-se interessante ao buscar dados relevantes sobre a realidade em transição: qual a influência ou participação destas novas mídias, no processo de letramento que alavanca a alfabetização?

domingo, 12 de setembro de 2010

LETRAMENTO DIGITAL E IDEOLOGIAS...

Evidenciando minhas aprendizagens, no segundo semestre do PEAD, construí a seguinte reflexão:

“Entre os estudos que realizamos sobre os filósofos da antiguidade, sua concepções, reflexões e as influências que provocaram e continuam influenciando em nossa atualidade, estudamos Marx e Engels que, vivenciando a Revolução Industrial já criticavam o surgimento da instituição Escola como mecanismo de reprodução do poder instituído, ou seja, a escola como a conhecemos hoje surge da necessidade do Estado de instrumentalizar (capacitar) operários para as funções programadas nas linhas de montagens das grandes indústrias. Por isso, o conhecimento fragmentado e compartimentalizado, em disciplinas, ainda é mantido até hoje, pois serve a esta ideologia detentora e dominadora de poder instituído, isto é, ao capitalismo.“ (CAPISTRANO, Marta. 2007. Reflexão- Síntese IIº semestre- PEAD- URFGS)

Tal constatação remete-nos a uma projeção histórica, considerando o advento de um novo paradigma social e educacional, ao qual Levy nos alerta:


O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber. [...] As novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas empresas, quanto nas escolas (LEVY, 2000a, p. 172).

A citação acima questiona as novas relações de saber/ modos de produção e implicações sócio-econômicas em perspectiva, de serem construídas. Somos privilegiados por vivermos este contexto histórico de transição e transformação, porém ainda não podemos prever os desdobramentos ideológicos, político, econômico, sociais e educacionais advindos destas mudanças, nem seu impacto sobre as novas gerações. Quem viver verá...
Justifica-se, pois a necessidade de pesquisar, investigar e projetar estudos que aprofundem o tema em questão: o letramento digital na alfabetização (ideologia e função libertadora ou conservacionista?).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

BUSCANDO JUSTIFICATIVAS AO TCC

Durante a construção da Reflexão-síntese, do primeiro trimestre, que intitulei MEMORIAL DE UMA PROFESSORA EM UMA NAU VIRTUAL, mesmo sem prever o tema de meu TCC, eu já ponderava:
“Também foi possível vislumbrar, através da interdisciplina Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação, nosso futuro educacional com o uso da informática e de novas ferramentas que já começam a despontar em práticas pedagógicas atuais. Assim como a Revolução Industrial foi um marco, não só para a economia mundial, mas para a construção social sob um novo paradigma, do capitalismo inicial, da mesma forma, percebo que o uso a informática na educação lançará novas bases para a educação mundial, assim como a edificação de novas estruturas sociais, econômicas e políticas, pois haverá supremacia para o povo ou nação que obtiver, no domínio da tecnologia, da informação e na formação coletiva, a educação, o gerenciamento de suas necessidades e esta potencialidade para administrar suas realidades prementes.” É o que compreendemos nas palavras de Marx e Engels: “As relações entre diferentes nações dependem do estágio de desenvolvimento das forças produtivas, da divisão de trabalho e das relações internas de cada uma delas. “(Karl Marx e Friderich Engels, A Ideologia Alemã, pág 5); disponível em: http://www.scribd.com/doc/6932842/Marx-e-Engels-A-Ideologia-Alema, acessado em 07/09/10.Edição Ebooks do Brasil.


Em meu despertar inicial sobre os novos modos de produção, alavancados pelo uso de novas tecnologias, já refletia e indicava o que estamos vivenciando: o advento de um novo paradigma educacional, ao qual a instituição escola ainda não está devidamente estruturada, em sua coletividade. Também por isso justifica-se a escolha de minha proposta de ação, no Estágio de Docência e de investigação neste TCC.

“Tal esforço se justifica pela relevância do tema, visto que comprovar a importância e função do uso de tecnologias no processo de letramento e alfabetização poderia servir de indicativo e demonstrativo de avanços nesta área, servindo de indícios e subsídios para sustentação teórica e instrumental de ensino, assim como evidenciando consonância como os novos paradigmas sociais, refletindo sobre novos modos de produção a partir da era digital que vislumbramos. Também é preciso destacar que a natureza deste estudo permitiria projetar possíveis vantagens e desvantagens da implementação de Arquiteturas Pedagógicas, como proposta pedagógica, já nos anos iniciais, impulsionando e potencializando o desenvolvimento educacional de todo o ensino nacional.” Capistrano, Marta. Construindo o TCC, pág. 5)

INICIANDO O TCC

Durante todo o Estágio de Docência me chamou atenção as diferenças gritantes de bagagens e letramentos que meus alunos trouxeram consigo. Alguns freqüentaram creches, escolinhas, balet, taekondo, lan houses e faziam uso de vídeo-games, lep top de brinquedo, computador e notebook dos parentes, CDs e DVDs, MP3, etc. e outros somente as vivências familiares com e sem estímulos a alfabetização.

Na turma as realidades humanas eram contrastantes: desde crianças infantilizadas, falando como bebês, gagueira, dificuldade de organizar pensamentos e palavras (expressão), distúrbios de conduta e déficit de atenção convivendo com outras em nível alfabético buscando a leitura fluente e escrita correta de palavras e frases. Fiquei surpresa com o universo tão diversificado desta clientela que situa-se nas classes C e D, onde seus responsáveis são trabalhadores assalariados ou desempregados.

Interroguei-me, então: por que sendo estas crianças da mesma faixa etária, vivendo na mesma localidade, ambientadas na mesma regionalidade urbana e gaúcha e, dentro de um mesmo país, apresentam tamanhas diferenças de preparo, bagagem, estímulos, facilidades e dificuldades, autonomia e passividade?

Não foi preciso pensar muito para ponderar: precisamos considerar que as desigualdades sociais que permeiam nosso país e suas especificidades regionais são variadas e determinantes para a construção do universo familiar, cultural, econômico, político e social, do aluno e que irão incidir direta e conseqüentemente em diferentes vivências e bagagens consolidadas, ou não. Os diferentes usos das tecnologias disponíveis também atuarão promovendo o processo de letramento e construção da leitura de mundo pelo educando.

Tais constatações vem de encontro ao seguinte questionamento: as práticas e usos de leitura e escrita experienciados na família, escola e sociedade seriam determinantes para a auto-construção do letramento e, a conseqüente alfabetização?


Resolvi, então, investir nesta realidade tão contundente, que em várias oportunidades, com diferentes turmas, tive a oportunidade de enfrentar e ter de administrar, mas sem uma pesquisa mais aprofundada do tema.

OBJETIVOS DA PESQUISA:

Investigar diferentes níveis de letramentos e bagagens já construídas, pelos alunos, preparatórias a alfabetização;
Verificar o uso de tecnologias no processo de letramento e sua importância;
Comprovar a contribuição da proposta de Arquiteturas Pedagógicas desenvolvida junto à turma.

JUSTIFICATIVA

Tal esforço se justifica pela relevância do tema, visto que comprovar a importância e função do uso de tecnologias no processo de letramento e alfabetização poderia ser indicativo e demonstrativo de avanços nesta área, servindo de indícios e subsídios para sustentação teórica e instrumental de ensino, assim como evidenciando consonância como os novos paradigmas sociais, refletindo sobre novos de modos de produção a partir da era digital que vislumbramos .

Também é preciso destacar que a natureza deste estudo permitiria projetar possíveis vantagens e desvantagens da implementação de Arquiteturas Pedagógicas, nos anos iniciais, impulsionando e potencializando o desenvolvimento educacional de todo o ensino nacional.

Buscando definir a temática proposta no Relatório de Estágio (Quais são as contribuições das Arquiteturas Pedagógicas no processo de letramento e alfabetização?) e delimitando num enfoque interessante de ser investigado, intitulei, provisoriamente, meu TCC de LETRAMENTO DIGITAL NA ALFABETIZAÇÃO.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PENSANDO NO TCC...

Construindo o Relatório Final de Estágio em Docência Escolar, eu já vislumbrava qual seria a possível temática para o desenvolvimento do TCC. Eis minha indicação naquele momento:
“Refletindo sobre a proposta desenvolvida neste estágio de docência, buscando implementar Arquitetura Pedagógicas de significação e relevância, devidamente adaptados ao processo de letramento e alfabetização de minha turma, pude constatar que:
● os alunos motivaram-se e participaram ativamente das atividades propostas;
● aceitaram os desafios de interagirem entre si e com as mídias disponibilizadas;
● mergulharam no processo de letramento, já conquistando níveis de alfabetização significativos.
Mediante tais evidências e progressos obtidos ratifico que o uso de Arquiteturas Pedagógicas precisa ser mais difundido e explorado, no meio educacional, enquanto proposta de ensino e como suporte de assessoria pedagógica docente e discente, assim como pesquisa, investigação, interação virtual, síncrona e assíncrona.
Minha proposta de investigação para o TCC me remete a seguinte investigação: Quais são as contribuições das Arquiteturas Pedagógicas no processo de letramento e alfabetização?”

Porém, ainda mantenho muitas dúvidas: De onde partir? Como começar? Como chegar na proposta de investigação? Problematizar... o quê? Permaneço bem indefinida ainda.

domingo, 27 de junho de 2010

PROVOCANDO E PROMOVENDO ARQUITETURAS PEDAGÓGICAS INTERNAS


“Considerando as reflexões postadas no seu Portfólio de Aprendizagens, destaque os obstáculos, as aprendizagens e as descobertas de maior relevância para o seu desenvolvimento como professor (a) neste semestre.”

Considerando esta orientação como provocação para a construção da reflexão síntese deste semestre, relendo as postagens deste portfólio e as reflexões construídas durante este estágio percebi que, ao buscar implementar arquiteturas pedagógicas de relevância na construção do processo de letramento e alfabetização com meus alunos, um processo paralelo e sistemático aconteceu com a minha prática docente: a sustentação teórica da minha prática pedagógica.
Desde a construção da minha carta de intensões para esse estágio procurei pressupostos, teorias e autores que se identificavam com minhas concepções de ensino, naquilo que eu acredito e pratico em minha práxis diária. Agora constato que algo que eu buscava no PEAD, sustentação teórica para a minha prática foi concretizada por meio do uso das mídias na educação, pois tive que buscar autores e teorias, pressupostos e paradigmas para embasarem minhas ações pedagógicas e o uso de mídias, isto é, TICS foi fundamental para esta construção. Consegui articular teoria e prática, ação e reflexão numa re-estruturação interna pessoal e profissional, evidenciada em várias reflexões e postagens, das quais cito uma das tantas aprendizagens, construídas:

“Penso que identifico nestes autores e seus pressupostos, minha reflexão e ação de AVALIAR. Luckezi, Perrenoud e Hoffmann apresentam este tema, tão controverso para a ação educativa, sobre um novo prisma: avaliação como um meio, processo, mediação, desafio, reflexão, busca e superação. Estas reflexões oferecem um contraponto ao sistema avaliativo tradicional que preconiza na ação de avaliar a quantificação de saberes e a culminância do processo educativo. Pensando bem... a auto-construção humana pode ser medida ou mensurada? O processo educativo de humanização se encerra ao final de um trimestre? Esta profissional compreende avaliação como parte do processo de contrução de pré-requisitos, noções e conhecimentos, numa constante ação-reflexão diagnóstica em busca das etapas, objetivos e metas a serem perseguidas e conquistadas gradualmente pelo aluno, numa práxis cotidiana de sua ação pedagógica buscando o aperfeiçoamento da aprendizagem. Sendo esta sua postura avaliativa a mesma não se prende a momentos especificos de avaliar, por meio somente de “provas”, mas investe em demonstrativos de aprendizagem e etapas alcançadas, projetando suas próximas intervenções educativas.”(Marta Capistrano, na 5ª semana de estágio)

Concluo que o meu processo interno, de buscar, projetar e implementar novas arquiteturas pedagógicas de aprendizagem, junto aos meus alunos, também me modificou internamente, transformando, sincronizando e sintonizando teoria e prática, ação e reflexão, re-estruturando meus saberes e fazeres, conectando vida e pedagogia.Percebo que algo que eu perseguia profissionalmente está se materializando: minha qualificação humana e profissional: eis a descoberta de maior relevância deste oitavo semestre, com o estágio.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O RETORNO


Nesta sexta-feira, 18/06/2010, retomei meu estágio, junto aos meu alunos. Nós estávamos saudosos de nossa convivência diária, pois muito mais do que rotina de trabalho, são estabelecidos laços de vida e intimidade, vínculos de afetividade, parceria, respeito e apoio.Eles me relataram: “Nós rezamos pra ti voltar logo!”

Percebi que enfrentaram esta situação inusitada com aceitação e maturidade pois apesar de variar os profissionais que atenderam a turma, os alunos não manifestaram rejeição na forma de choro ou revolta: estavam calmos a espera da professora (alguns deles também haviam adoecido).

Conforme orientação de minha supervisora, professora Vera Marta Reolon, realizei atividades diagnósticas para sondar o desenvolvimento dos alunos a cerca das propostas de atividades enviadas e do domínio dos objetivos que vinham sendo trabalhados. Sendo assim, não implementei de imediato o planejamento projetado anteriormente: propús atividades diagnósticas de aprendizagem, sondando suas possíveis dificuldades e aprendizagens construídas.

Também em sintonia com a PPEscolar desta instituição embasei minha ação pedagógica diagnóstica:
“A avaliação consiste num processo educativo sistemático cumulativo e contínuo, cooperativo e participativo de função diagnóstica e prognóstica, resultando em uma comprovação da integração do aluno em direção ao conhecimento mais sistematizado e a sua autoconstrução integral. Tem também a função investigativa com o objetivo de reorganizar as próximas ações do educador. Deve considerar o educando como um todo, respeitando a sua individualidade, inserido-o no grupo, no desenvolvimento de cada atividade realizada, valorizando a construção do seu conhecimento.”

“ A avaliação do educando será realizada através das observações diárias, da participação e execução das atividades escolares propostas, na auto-avaliação do aluno e pela aplicação de instrumentos diferenciados e adequados à verificação da construção do conhecimento. “(Excerto da PPEscolar da EEEF Salvador Canellas Sobrinho)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

GARIMPANDO NA INTERNET


Apesar de minha doença me impedir de estar com meus alunos durante alguns dias, voltei-me, então, à pesquisa de atividades didáticas referentes ao letramento e alfabetização na internet. Para minha surpresa garimpei inúmeras sugestões de atividades, propostas por outros professores que, como eu, são alfabetizadores realizando propostas diferenciadas em diversos sites. Fiquei deslumbrada com tantas e tamanhas alternativas: eu não havia descoberto a internet como fonte de sugestões e trocas... até aulas prontas, passo a passo se encontra! Percebo que o potencial desta ferramenta virtual pode revolucionar as práticas educativas, assim como, transformar as novas gerações e nossa sociedade: só precisa ser bem utilizada, isto é, em prol da humanização do próprio homem. É esta proposta que vislumbro nas palavras de Carvalho, Nevado e Menezes, 2005, pag 2:

“Propostas pedagógicas concebidas para mediação da aprendizagem buscarão dar suporte a novas concepções educacionais, caracterizadas por deslocamento das concepções hierárquicas e disciplinares em direção a uma concepção de conhecimento interdisciplinar. Concepções desta natureza têm presente modelos de formação de professores que privilegiam modos de saber alimentados e potencializados na tessitura composta pela formação aberta apoiada por “rede de relações”. É desta rede de relações de aprendizagem, que ora experiencio, que quero referendar ao escrever tal reflexão.

Percebo que esta é a proposta pedagógica do PEAD, da qual somos sujeito, enquanto alunos/professores.É como se enxergar dentro de uma profecia.

“As arquiteturas pedagógicas são, antes de tudo, estruturas de aprendizagem realizadas a partir da confluência de diferentes componentes: abordagem pedagógica, software, internet, inteligência artificial, educação a distância, concepção de tempo e espaço. O caráter destas arquiteturas pedagógicas é pensar a aprendizagem como um trabalho artesanal, construído na vivência de experiências e na demanda de ação, interação e meta-reflexão do sujeito sobre os fatos, os objetos e o meio ambiente sócio-ecológico [Kerckhove 2003]. Seus pressupostos curriculares compreendem pedagogias abertas capazes de acolher didáticas flexíveis, maleáveis, adaptáveis a diferentes enfoques temáticos. (Carvalho, Nevado e Menezes, 2005-Arquiteturas Pedagógicas para Educação a Distância: Concepções e Suporte Telemático )”
http://proa-turma01.pbworks.com/f/arquiteturas_pedag%C3%B3gicas_sbie2005.pdf

domingo, 6 de junho de 2010

EM PROCESSO DE LETRAMENTO

RELATO DE CAMPO
Em planilha contendo as vogais e seus respectivos traçados, foi proposto a busca de outros referenciais, além daqueles visualizados nos clipes, a serem ilustrados nesta planilha, enriquecendo os referenciais com nomes de animais, objetos, alimentos, vivências concretas do cotidiano infantil. A construção de cartelas contendo o traçado das vogais pelos alunos, para serem utilizados como BINGO DAS VOGAIS, reforçou a relação fonema/grafema, além de divertir a todos.

No dia seguinte, retomando a digitação dos nomes pelos alunos, agora impressos, em papel ofício, as cartelas contendo os traçados das vogais, utilizadas no BINGO DAS VOGAIS, serviram de guias para a identificação das vogais que integram o nome próprio de cada aluno, localizando-as em sobreposto, nomeando-as e quantificando-as. A seguir foram distribuídos livros, revistas e encartes para recorte das vogais que compõem o nome de cada aluno e colagem sobreposta, construindo o seu nome próprio. O processo que busco evidenciar nestas atividades propostas é a construção do letramento, o que Magda Soares define como: “Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.”

Em entrevista ao jornal DIÁRIO DO GRANDE ABC, pag 3, publicado em 29/08/2003, Soares, doutora em educação, destaca aspectos que não podem ser ignorados pelo professor alfabetizador, os quais faço registro, pontuando-os: ELA DESTACA A IMPORTÂNCIA DO ALUNO SER ALFABETIZADO EM UM CONTEXTO ONDE LEITURA E ESCRITA TENHAM SENTIDO

O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de freqüentar revistarias, livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do sistema de escrita. A professora defende que, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir-se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.

A educadora argumenta que a criança precisa ser alfabetizada convivendo com material escrito de qualidade. “Assim, ela se alfabetiza sendo, ao mesmo tempo, letrada. É possível alfabetizar letrando por meio da prática da leitura e escrita.”

segunda-feira, 31 de maio de 2010

SOCIOINTERACIONISMO, NA PRÁTICA

As atividades projetadas para esta sétima semana caracterizam o que vem sendo a proposta de ensino implementada ao longo deste estágio: o sóciointeracionismo de Vygotsky.

Exemplificando: a construção do ALFABETO MIDIÁTICO com rótulos, embalagens, palavras e figuras pelos alunos explora as vivências culturais de letramento que cada aluno já conhece e traz consigo como bagagem. Tais informações são produto de interações anteriores e servirão como referenciais para a construção de novos mecanismo de leitura e escrita, promovidos, no dia a dia da turma.

O jogo privilegia a participação e interação dentro de regras e do tema proposto de forma lúdica desenvolvendo autoria, autonomia, recriações e transformações internas e externas, individuais e coletivas.

Cabe ao professor ser o mediador deste processo, promovendo tais interações e enriquecendo-as, também pelo uso meio de mídias na educação, como foi proporcionado através dos três clipes que apresentavam o alfabeto de maneira visual, musical e lúdica, propondo a busca de referenciais concretos para cada letra do alfabeto.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem biológico em ser humano. É pela aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte destas funções básicas transforma-se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Isso não significa que o indivíduo seja como o espelho, apenas refletindo o que aprende. As informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna. É isso que caracterizará a individualidade. Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de mediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores.

Aprender é um processo constante e contínuo. A arte, o jogo, os desafios, a poesia, as regras e os conteúdos são parte de um todo, onde juntamente com a recriação, as transformações, e a autoria em todas as áreas, causam o crescimento de cada um.
http://escolainter.mmvia.com/index.php?option=com_content&task=view&id=39&Itemid=50

terça-feira, 25 de maio de 2010

DISCUTINDO O USO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO


DESCRIÇÃO DA CULMINÂNCIA DO PROJETO MÃES, EM 22/05/2010

Neste sábado, 22/05/2010, aconteceu na EEEF Salvador Canellas Sobrinho, a culminância do projeto MÃES, que vinha sendo trabalhado há três semanas por todas as turmas da escola. Esta homenagem é bastante aguardada pelos responsáveis como forma de externar afetos mútuos entre mães, pais e filhos, integrando a escola e família, num clima de alegria, reconhecimento e valorização do núcleo familiar de cada aluno, respeitando sua diferentes formações.

O clima que antecedeu os preparativos eram um misto de alegria e ansiedade, pois os homenageados já estavam chegando. Arrumação das cadeiras, no saguão da escola, que não conta com auditório para eventos, colocação de balões, montagem e testagem de microfones, telão, datashow, notebook, cds e câmeras digitais prontas para o registro de momentos inesquecíveis.

DISCUTINDO VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA MÍDIA
Toda descrição oral ou escrita necessita do fator imaginação (que depende da subjetividade de cada um) para ser interpretada, sem a presença de imagens. O registro dos acontecimentos leva o foco, a visão e as concepções do sujeito que a constrói, mas registra acontecimentos, contextualizando fatos dentro de uma linha histórica e social.

O registro fotográfico permite leitura variadas dos quadros que registra, porém também “sofre” a intervenção subjetiva de quem registra e para que, assim como de quem publica e com que intenções. Cada fotografia, seja ela digital ou não, sugere movimento, ação e consequências dos fatos captados; registra, comprova legitima e favorece ao resgate histórico, contextualizado a interpretação das imagens.

Os vídeos registram as mais variadas formas da manifestação humanana, enquanto objeto cultural, fenômemo social e histórico evidenciando ações premeditadas ou não: ficção, romance, aventura, história e ciência, entre muitos outros, são contextualizados através de som, imagem, técnica e efeitos especiais.

Atualmente tão utilizados pela sociedade capitalista, globalizadora de conhecimentos e costumes, facilitada pelo uso de celulares, máquinas digitais e filmadoras, surgem como ferramenta midiática para registro casual ou determinante de novos fatos, enquanto consequências sociais, históricas ou científicas.

Espero que este olhar midiático e externo do homem moderno sirva para refletir e avaliar as consequências de suas ações, na cultura, na sociedade, na história e para a humanidade, que não seja apenas para auto-promoção vazia de conteúdo e essência.

terça-feira, 18 de maio de 2010

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA AÇÃO AVALIATIVA

Aproveitando a atmosfera afetiva que o projeto MÃES suscita, foi possível perceber, potencializar e canalizar esta capacidade humana, convertendo-a em aprendizado: as atividades propostas foram bastante produtivas, favorecendo a uma avaliação diagnóstica positiva das competências, até aqui, trabalhadas.

As propostas eram: identificar a letra inicial do nome das mamães, contando-as, construir estes nomes com letras emborrachadas, digitação dos nomes das mães, identificação dos nomes através de jogo, construção de retrato falado e desenhado, montagem de painel ALFABETO DAS MÃES, identificação e construção de seu nome próprio através de BINGO, caracterizando dentro do ALFABETO DE NOMES DA TURMA a letra inicial, a quantificação de letras e escrita individual do nome próprio.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA A AÇÃO AVALIATIVA

“ Na avaliação inclusiva, democrática e amorosa não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente em busca do melhor. Sempre !” LUCKESI, 1997.

Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos.
http://www.gestiopolis.com/Canales4/rrhh/aprendizagem.htm

“Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido.” (HOFFMANN: 1994, p. 58)

Penso que identifico nestes autores e seus pressupostos, minha reflexão e ação de AVALIAR. Luckezi, Perrenoud e Hoffmann apresentam este tema, tão controverso para a ação educativa, sobre um novo prisma: avaliação como um meio, processo, mediação, desafio, reflexão, busca e superação. Estas reflexões oferecem um contraponto ao sistema avaliativo tradicional que preconiza na ação de avaliar a quantificação de saberes e a culminância do processo educativo.Pensando bem... a auto-construção humana pode ser medida ou mensurada? O processo educativo de humanização se encerra ao final de um trimestre?

Esta profissional compreende avaliação como parte do processo de contrução de pré-requisitos, noções e conhecimentos, numa constante ação-reflexão diagnóstica em busca das etapas, objetivos e metas a serem perseguidas e conquistadas gradualmente pelo aluno, numa práxis cotidiana de sua ação pedagógica buscando o aperfeiçoamento da aprendizagem. Sendo esta sua postura avaliativa a mesma não se prende a momentos especificos de avaliar, por meio somente de “provas”, mas investe em demonstrativos de aprendizagem e etapas alcançadas, projetando suas próximas intervenções educativas.

domingo, 9 de maio de 2010

NOVOS PRESSUPOSTOS PARA A AÇÃO PEDAGÓGICA


Nesta quarta semana de estágio foram possíveis comprovar as teorias de Maturana e Wallon, na aprendizagem, pois o enfoque emocional que o tema mães e família propõem evidenciam como os laços afetivos são essenciais na maturação psicológica e desenvolvimento de estruturas de cognição para a compreensão do mundo que os rodeia.

As atividades propostas foram realizadas numa atmosfera de intenso carinho, demonstrando que a figura materna concentra não somente os lações afetivos, mas as raízes de sustentação emocional, psicológica e motivacional do ser humano, o impulsionando ao amor e fraternidade transformando seus instintos de sobrevivência em aperfeiçoamento moral, ético e amoroso.

Constatei superações comportamentais voltadas para maior atenção e concentração, carinho e zelo na execução das tarefas propostas, motivadas pela temática afetiva, assim como, na busca de identificação e construção do nome das mães, na confeccção do presente, cartão e homenagem às mães. Houve uma canalização de emoções expressa em afetividade, potencializando o aprendizado cognitivo. Até mesmo os alunos que possuem formações familiares particulares, sendo criados por avós, tios padrastos e madrastas se contagiaram com o clima e produziram com prazer e alegria.

EMOÇÕES NA APRENDIZAGEM
“Maturana pauta-se por uma noção da biologia em que as emoções possuem um papel fundamental no desenvolvimento do sistema biótico. Acentuando o papel das emoções no viver humano, foi descobrindo o operar do sistema na construção do conhecimento como ação biológica. Propõe a emoção como o grande referencial do agir humano.
Os estudos de Maturana explicitam o sinônimo entre conhecer e viver. A noção de viver-conhecer está diretamente vinculada com o modo de relacionar-se e de organizar-se nessa relação. Não se trata de adaptação ao meio. O viver-conhecer na relação significa, ao mesmo tempo, a criação/recriação desse espaço relacional, e de outros, e a criação/recriação do sistema em relação. Pode incluir, em algum momento, a adaptação, mas vai além dela.Nessa relação criativa, meio-sistema, é que emerge o social. E o social é entendido como domínio de condutas relacionais fundadas na emoção originária da vida: o amor. Para Maturana: “A emoção fundamental que torna possível a história da hominização é o amor” (Maturana, 1999, p. 23). Ao falar de emoção o autor não se refere ao que convencionalmente tratamos como sentimento. Emoção, neste caso, “são disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios de ação em que nos movemos” (Maturana, 1999, p. 15). Assim entendida, a emoção fundante do social - o amor - é elemento estrutural da fisiologia humana. Maturana afirma que o amor é a emoção fundante do social porque:
O amor é a emoção que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência, e é esse modo de convivência que conotamos quando falamos do social (Maturana, 1998b, p. 23).” http://www.humanitates.ucb.br/2/maturana.htm

“Para Wallon, os períodos predominantemente afetivos ocorrem em períodos focados na construção do eu, enquanto estágios com predominância cognitiva estão mais direcionados à construção do real e compreensão do mundo físico. Este ciclo não é encerrado, mas perdura pela vida toda, uma vez que a emoção sobrepõe-se à razão quando o indivíduo se depara com o desconhecido. Deste modo, afetividade e cognição não são estanques e se revezam na dominância dos estágios.
A emoção cumpre papel importante no conflito entre a motricidade emocional (a capacidade de reagir a estímulos externos com movimentos apropriados) e a sensibilidade emocional (a capacidade de representar mentalmente problemas em geral). É ela também que dá origem à consciência do indivíduo, ajudando-o a distinguir-se, dessocializar-se da realidade à volta.
www.sogab.com.br/teoriasdeaprendizagem.doc

domingo, 2 de maio de 2010

REFLEXÃO SOBRE A PROPOSTA DE TRABALHO


Nesta 3ª semana de estágio foram realizadas alterações junto ao planejamento inicial. Tais mudanças partiram da relevância das impressões causadas pela reflexão sobre a temática indígena e sua riqueza cultural, provocadas nos alunos, a partir do filme exibido. Mergulhando naquele universo diferente de suas realidades urbanas, os alunos perceberam a diferença étnica e cultural, construindo em paralelo semelhanças e diferenças entre seu cotidiano e realidade indígena na floresta. Muitos se transportaram aos rios e banhos das crianças indígenas, à proteção do animais, na coleta de frutas na mata, no caçar e pescar, no cuidado e carinho entre pessoas de diferentes culturas. Por esse motivos esta estagiária aprofundou e promoveu esse “primeiro encontro” com a diversidade étnico-cultural existente no âmago da sociedade brasileira, mesmo que virtualmente, prevendo o letramento multi-cultural intrínceco ao nosso povo, buscando o respeito a pluralidade étnica e convivência fraterna com as diferenças.

Esta abordagem também aprofundou ao resgate histórico das raças dentro das famílias, pois foi possível constatar caracteristicas físicas, emocionais, culturais em comum, com a vida indígena que são praticadas até os nossos dias: o chimarrão, a pescaria, o banho em rios e praias, o artesanato, os nomes de frutas e lugares, etc.

Percebo que esta semana foi bastante original, no sentido da interação e valorização das iniciativas dos alunos. É preciso sensibilidade e perspicácia, ousadia e coragem para adequar o planejamento inicial, ajustando-o aos interesses e necessidades dos alunos, promovendo reflexões, aprofundamentos que potencializam a construção de novas estruturas e mecanismos de aprendizagem.
Pessoalmente, penso que um planejamento se aproxima mais do aluno, quando o mediador(professor) colhe e reflete sobre as interações diárias, organizando seu próximo planejamento de forma a ser significativo e estruturador de novas aprendizagens de acordo com o feed back demonstrado pelo aluno. Planejamentos prontos e fechados deixam de fora o personagem principal da interação: o aluno, por não incluírem sua participação ativa como sujeito das próprias aprendizagens: não são produtivos, significativos ou construtotres de autonomia, são apenas adestradores do sistema vigente.Minha proposta de trabalho visa não apenas re-pensar minha prática, mas empreender novas ações pedagógicas de superação das antigas formatações do ensino tradicional. Espero estar trilhando o caminho da educação libertadora.

domingo, 25 de abril de 2010

JUSTIFICATIVA DA PROPOSTA DE TRABALHO


Mediante a sociedade globalizada em que vivemos, a rápida veiculação de informações, o uso das tecnologias de informação nos mais diversos setores sociais, surge a necessidade premente de instrumentalizar a instituição escola, responsável pela educação das novas gerações, à luz deste novo paradigma. A humanidade caminha a passos largos nesta direção e as novas gerações precisam estar instrumentalizadas para esta nova realidade mundial.

A proposta de uso Arquiteturas Pedagógicas nos anos iniciais ousa implementar tecnologias de apoio ao letramento e alfabetização, também instrumentalizando o aluno para uma interação além da sala de aula, inserindo-o em sua contemporaneidade: o uso das tecnologias como facilitador e amplificador do campo de aprendizagens.

Portanto o objetivo deste estágio é desenvolver uma proposta educacional de significação e relevância na construção de saberes, visando o letramento e alfabetização dinâmica dos alunos, buscando autonomia, leitura crítica de mundo, preparando para o exercício da cidadania.

domingo, 18 de abril de 2010

ALFABETIZAÇÃO E TECNOLOGIAS


A proposta de trabalho a ser desenvolvido neste estágio visa referendar um novo paradigma educacional que vem se impondo, mediante ao mundo globalizado: o uso das tecnologias da informação como ferramentas de instrumentalização e capacitação humana. Nossos alunos estão imersos nesta nova realidade, que se não convertida como aliada às praticas educativas, concorrerão como fator de acomodação, estagnação e distanciamento do processo socio-educacional.

Esta proposta se afirma como desafiadora se inserida no campo da alfabetização, o processo de letramento que é o foco de atuação no 1º ano/EF 9 anos, onde as tecnologias são amplamente utilizadas por nossa clientela, porém visando a ludicidade e o intetrenimento: refiro- me aos video-games, jogos no celular, no computador, frequência a lan houses, etc.Transformar estas vivências em situações de aprendizagem são a meta desta proposta educativa.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

NOVOS PRESSUPOSTOS PARA AÇÃO EDUCATIVA


1.Pressupostos teóricos:
“Em Carvalho, Nevado e Menezes (2005) foi proposto o conceito de Arquitetura Pedagógica (AP) para explorar a inserção das tecnologias na educação. Os autores denominam de Arquitetura Pedagógica uma combinação de estratégias, dinâmicas de grupo, softwares educacionais e ferramentas de apoio à cooperação, voltadas para o favorecimento da aprendizagem. Essas arquiteturas, independente de sua natureza, usando ou não a tecnologia digital, irão sempre requerer a utilização de objetos de aprendizagem. A concepção adequada desses objetos tem implicações diretas na construção do conhecimento pelos estudantes.(Menezes, Ferretti, Lidner e Lira, 2006- Aplicando Arquiteturas Pedagógicas em Objetos Digitais Interativos)” http://www.cinted.ufrgs.br/renote/dez2006/artigosrenote/25132.pdf

“As arquiteturas pedagógicas são, antes de tudo, estruturas de aprendizagem realizadas a partir da confluência de diferentes componentes: abordagem pedagógica, software, internet, inteligência artificial, educação a distância, concepção de tempo e espaço. O caráter destas arquiteturas pedagógicas é pensar a aprendizagem como um trabalho artesanal, construído na vivência de experiências e na demanda de ação, interação e meta-reflexão do sujeito sobre os fatos, os objetos e o meio ambiente sócio-ecológico [Kerckhove 2003]. Seus pressupostos curriculares compreendem pedagogias abertas capazes de acolher didáticas flexíveis, maleáveis, adaptáveis a diferentes enfoques temáticos. (Carvalho, Nevado e Menezes, 2005-Arquiteturas Pedagógicas para Educação a Distância: Concepções e Suporte Telemático )”
http://proa-turma01.pbworks.com/f/arquiteturas_pedag%C3%B3gicas_sbie2005.pdf

Projeção da Prática Educativa
Embasada nestes pressupostos, dos refereridos autores, ouso refletir minha ação pedagógica e empreender no processo inicial e alfabetização, com minha turma de 1ºano/EF9anos, estratégias de interação presencial e a distância, assim como instrumentalização digital compreendida como uso do laboratório de informática escolar, note book, data-show, jogos interativos on line e gravados em CD, scaner, xerox, impressora, DVDs, músicas em Cds, MP3 e MP4, máquina fotográfica digital, assim como, a bagagem e formação desta professora/estagiária.

domingo, 4 de abril de 2010

UM NOVO ANTIGO DESAFIO?


No final de nossa formação secundária, o Magistério ou antigo Normal, nós, até então alunas, enfrentávamos o temido estágio para confirmar nosso preparo e habilitação para o exercício das funções docentes.

Interessante e irônico é o fato de, 27 anos passados ( ou mais para alguns de nós), novamente estagiar, porém agora buscando uma graduação específica: pedagogia.

Mesmo que nossa bagagem tenha sido amplificada ao longo deste período, as espectativas ainda são grandes, pois é preciso superar antigos paradigmas, empreendendo ações pedagógicas inovadoras, à luz da formação construída durante o PEAD, projetando e executando arquiteturas educacionais de significação e relevância, de resultados e transformação.
Eis o novo desafio: re-significar nossa experiência profissional, aprimorando nossos saberes, transformando nossa prática, sob o prima da educação digital, uma realidade que se impõe mediante o mundo globalizado. Somos a vanguarda de uma nova era, fazemos história... que responsabilidade!

domingo, 28 de março de 2010

REFLETINDO A CAMINHADA E PROJETANDO A JORNADA


Durante as férias li algo que refletia a nossa jornada no PEAD e que resgatava o significado e os sentido da mesma:
“... De um amor que se expressa e se plenifica no êxodo e no êxtase, ou seja, no sair de si e estar com o outro.O êxodo é o abandono daquilo que nos oprime, é a partida.É a negação que nega a essência da vida, que é , justamente o êxtase. O êxtase é o nome elaborado do encontro com o outro. (Gabriel Chalita, em Cartas entre Amigos)

Nosso êxodo aconteceu enquanto, a cada semestre, saíamos de nossas certezas provisórias para mergulharmos em dúvidas temporárias na busca por novos conhecimentos e saberes, aceitando os desafios propostos por cada inter-disciplina do curso, e re-significando e enriquecendo no encontro, on line e/ou presencial, com o outro.
Agora, com algumas aprendizagens já contruídas e, devidamente relativizadas, vamos mergulhar no encontro com nossos alunos, no estágio que já iniciamos, buscando o êxtase de encantá-los pela aventura da vida, em busca de auto-realização e aperfeiçoamento pelo conhecimento. Sob este prisma a educação se torna instrumento de evolução humana, dignidade e paz.

domingo, 21 de março de 2010

PEAD - 8º SEMESTRE


Ao retomarmos este oitavo semestre, no PEAD, repórto-me às nossas reflexões iniciais, nesta graduação, sobre o texto de José Saramago, que nos desafiava a sairmos de nós mesmos, navegando por mares desconhecido e a desvendar os mistérios na busca do conhecimento e aprimoramento pessoal e profissional.
A cada semestre fomos estimulados a sair de nossa acomodação cognitiva e buscar águas cada vez mais profundas, ou seja, a construir novos conhecimentos, desfazendo nossas certezas provisórias, transformando-as em dúvidas temporárias, agregando vivências, reflexões, aprendizagens.
Foi assim quando Michel Serres nos propôs o “outramento”: atravessar a margem do rio, mergulhando no encontro com o outro, re-significando os nossos e os seus saberes, re-construindo-nos como a capa daquele arlequim metafórico rico em retalhos e cores, tecida por aprendizagens construídas no encontro com o outro.

Eis que estamos nos aproximando de nossa meta, enquanto conclusão do curso, porém, de antemão, já sabemos que esta busca não se encerra com a formatura. Haverão muitos outros desafios a serem transpostos em novas viagens serão empreendidas. O PEAD é apenas uma destas incursões: aquela que nos despertou o gosto pela aventura da vida.