domingo, 3 de maio de 2009

DILEMAS EDUCACIONAIS


O texto apresentado para discussão no fórum O Dilema do Antropólogo Francês promoveu a reflexão e debate a cerca dos posicionamentos éticos e morais adotados pelo mesmo e suas consequências de sua interferência ou não naquela cultura.

“Refletindo sobre nossas interlocuções e a discussão a respeito do dilema do antropólogo francês podemos linkar à nossa prática educativa transpondo para nossa realidade cotidiana, pontuando:
- a qualidade de nossas intervenções frente aos alunos;
- as posturas pedagógicas, sociais, humanas e políticas que assumimos frente aos alunos;
- a leitura que fazemos de mundo e da realidade vivenciada por nós e por eles;
- a coerência entre o que pensamos, falamos e praticamos;
- a ética adotada pessoalmente e profissionalmente;
- os valores que anunciamos explicita ou implicitamente com nossas manifestações;
- os interesses, crenças e necessidades do nossos aluno são levados em conta: sondados ou pesquisados?
A princípio, o antropólogo tentou usar de neutralidade para não interferir na cultura daquele povo. Existe a neutralidade em educação?
Pensando bem...não vivemos um dilema educacional cotidiano ao refletir nossas praticas educacionais?

Conforme minha reflexão, acima citada, concluo que tal atividade serviu como provocação para re-pensarmos nossas prática educativas, equacionando as posturas adotadas em nosso dia a dia.
Se pararmos um pouco para pensar, diariamente, enfrentamos dilemas morais, ético-profissionais, ético-pedagógicos, sociais, humanos, além daquele constante questionamento: nossos posicionamentos são coerentes com aquilo que estudamos, sabemos e acreditamos? Que tipo de seres humanos estamos ajudando a formar? Nossas práticas e posturas estão construindo que cidadãos e que tipo de sociedade?

Retomando uma de minhas conclusões a respeito da provocação promovida pelo texto: “A princípio, o antropólogo tentou usar de neutralidade para não interferir na cultura daquele povo. Existe a neutralidade em educação?”

Esta minha provocação ao grupo de debate visa também desacomodar nossas consciências e posturas, no sentidos de alertar que, cada posicionamento adotado, em nossa prática educacional, gerará, como consequência, um determinado comportamento cidadão em nossos alunos, que servirá a este ou aquele modelo de cidadania e sociedade.
Portanto, e educação nunca será neutra, pois servirá a alguma ideologia dominante, seja ela de libertação e construção de uma nova realidade social ou de manutenção das estruturas de dominação. Utilizando a linguagem metafórica dos poetas podemos afirmar que, estamos realizando semeaduras no campo político, social e humano e, que num futuro, bem próximo, que já está acontecendo, vamos colher daquilo que plantamos de acordo com aquilo que acreditamos e cultivamos.

Também se faz necessário ressaltar que, nós professores vivenciamos uma verdadeira “roda-viva” de atividades profissionais, que muitas vezes, nos impedem de refletirmos nossas práxis educacionais e de nos deparamos com estes constantes dilemas pertinentes ao nosso fazer educacional (na maioria das vezes não temos tempo de refletir sobre tudo isso, em razão da sobrecarga profissional). Não podemos ser ingênuos e creditar apenas como “ossos do ofício” em nossa correria diária. Nossa sobrecarga de atividades profissionais também é resultado de políticas de não priorização da educação, com salários defasados nos obrigando a assumirmos 2,3 ou mais escolas para obtermos os mínimo de dignidade para nossas famílias. Esta sobrecarga também serve para justificar a ideologia dominante, de que o ensino brasileiro está falido, em função da falta de preparo e inadequação dos professores, responsabilizando somente esta categoria como promotora e construtora da educação em nosso país. É bastante simplista acusar e sobrecarregar apenas uma categoria profissional e eximir pais, sociedade e políticas públicas, portanto governos que se submetem ao modelo capitalista de produção e economia, desprezando e não promovendo a educação como prioridade nacional, transformadora da sociedade. Este é o dilema estrutural no qual estamos inseridos , envolvidos e amarrados.

Se observarmos a realidade mundial constataremos que, aqueles países que priorizaram a educação através de políticas públicas eficazes na educação, construíram maior cidadania e qualidade de vida para seu povo. Será que estamos a caminho?

Um comentário:

Geny disse...

Minha querida aluna Marta Capistrano Parabéns pelos registros de suas reflexões. Saliento uma das suas colocações “Portanto, e educação nunca será neutra, pois servirá a alguma ideologia dominante, seja ela de libertação e construção de uma nova realidade social ou de manutenção das estruturas de dominação. Utilizando a linguagem metafórica dos poetas podemos afirmar que, estamos realizando semeaduras no campo político, social e humano e, que num futuro, bem próximo, que já está acontecendo, vamos colher daquilo que plantamos de acordo com aquilo que acreditamos e cultivamos.” Concordo plenamente! Parabéns! Em minha opinião é um excelente trabalho, com clareza de idéias, coerência e linguagem adequada.
Desejo sucesso empreendedor na sua vida particular, profissional e acadêmica.
Um grande abraço,
Profª Geny Schwartz da Silva
Tutora Seminário Integrador VI
PEAD/FACED/UFRGS