terça-feira, 1 de dezembro de 2009

REFLEXÕES SOBRE AVALIAÇÃO ESCOLAR


Diferenciações entre avaliação “classificatória” e “mediadora”

A avaliação classificatória, amplamente difundida nas práticas pedagógicas tradicionais, é concebida como um fim e não uma meio de viabilizar o processo educativo sobrepondo-se, até mesmo à aprendizagem, que deveria ser o foco e o objetivo final do ensino. Caracteriza-se pela mensuração de aspectos cognitivos, através de notas ou outras menções de cunho quantitativo, desprezando a integralidade do ser do aluno, o desenvolvimento de suas potencialidades, visando promoção ou retensão dentro processo educativo, numa classificação estática do desenvolvimento humano. Caracteriza-se pela aplicação de provas e testes objetivos ou descritivos que evocam conceito pretensamente memorizados pelos alunos, em momentos determinados, a parte do processo de aprendizagem, de forma ritualística. A avaliação mediadora resgata o princípio fundamental da avaliação: a emancipação do desenvolvimento do aluno, isto é, o diagnóstico de seu estágio de desenvolvimento buscando articular intervenções que promovam e provoquem novas e significativas aprendizagens(função diagnóstica e formativa) visando o seu desenvolvimento integral: afetivo, relacional, ético, reflexivo e crítico. Caracteriza-se pela visão integral do aluno como ser único, em seu desenvolvimento gradual e contínuo, não comparado a média de desempenho da turma,mas ao próprio ritmo de sua evolução pessoal, visando um processo qualitativo de aprendizagem.

Refletindo, ainda, sobre as práticas avaliativas e sua repercussão na esfera social, podemos constatar que a avaliação classificatória serve a ideologia dominante que discrimina e seleciona os mais aptos a participarem de uma sociedade excludente e ditatorial (capitalista), não inclusiva e participativa como prevê a avaliação emancipadora ou mediadora do processo de desenvolvimento do educando.

Posição reducionista da avaliação escolar

A avaliação escolar caracteriza-se por uma postura reducionista, enquanto:
a) reduz o processo avaliativo à notas e menções classificatórias, com um fim em si mesmos: resultado de aprendizagens cognitivas mensuráveis(aprovar/reprovar), legitimando a ideologia de exclusão social;
b) se constitui no momento final do processo educativo, desprezando o caráter diagnóstico e prognóstico da avaliação que deveria ser emancipatória;
c)utiliza-se de instrumentos de avaliação parcial das aprendizagens, como provas e testes;
d)privilegia a memorização em detrimento do todo do aluno: aspectos afetivos, éticos, relacionais, raciocínio lógico, científico, filosófico, humano e crítico;
e)reduz-se a momentos estanques e descontínuos do processo de aprendizagem, dentro de uma formatação ritualística de medo e poder, desconectada do processo de aprendizagem;
f)privilegia relações de poder da escola e do professor, condicionando as relações que deveriam ser dialéticas, em processo de aprendizagem, para disciplinadoras, legitimando desigualdades.

Visão unilateral da avaliação

A visão unilateral da avaliação diz respeito ao foco, no processo de avaliação, ser apenas o aluno, como se este fosse o único responsável por seu sucesso ou fracasso, desprezando a responsabilidade e o profissionalismo do professor, suas metodologias e posturas pedagógicas, as estruturas humanas, físicas, pedagógicas da instituição, assim como, eximindo a comunidade escolar, família e sociedade, de sua participação e corresponsabilidade no processo educativo. Se todo esse entorno também fossem equacionados e devidamente ativado durante o processo de aprendizagem este seria muito mais produtivo, pois suas segmentações agiriam articuladamente no processo.
A postura ética do professor frente à avaliação

Avaliar a integralidade do ser humano deveria ser uma tarefa para deuses (se estes efetivamente existissem), pois o desenvolvimento humano é tão complexo e dinâmicos que simples mortais, tão condicionados e limitados à sua parcialidade subjetiva estão, no mínimo, sob suspeita para realizar tal análise, compreensão e interpretação. É o que, particularmente, penso sobre avaliação. Porém, enquanto educadores, somos exigidos, por nossos sistemas de ensino a quantificar a aprendizagem e o desenvolvimento humano, mensurando, burocraticamente, o desempenho em resultados práticos: números, menções, pareceres. Porém não é apenas neste plano que a avaliação se consolida. Há vários fatores que são determinantes para que esta sistematização de significados se concretize: a formação do educador, seus valores, princípios e ética profissional, as concepções e metas que instituição educativa prevê em seu PP, as políticas públicas referentes a educação em seus desdobramentos legais e políticos, etc. Há toda uma teia de relações, em diversos planos que intervêm e condicionam o processo avaliativo que, em última análise, resulta no papel histórico que a sociedade capitalista propõe: exclusão X inclusão.

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