terça-feira, 3 de novembro de 2009

PAULO FREIRE E OS TEMAS GERADORES


Interessante registrar que em minha prática pedagógica eu já havia utilizado a construção de temas geradores, porém sem esta reflexão sobre a dialogicidade, que Paulo Freire defende ser imprescindível ao processo de libertação do indivíduo:

[...] o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes.”( FREIRE, 1987)

Portanto é convencido que a educação deve transformar e libertar o indivíduo que Freire apresenta e defende a construção de temas geradores a partir da leitura de mundo que os educando trazem consigo para, numa constante práxis, tomar posse de sua cidadania: “ para em diálogo com elas, conhecer, não só a objetividade em que estão, mas a consciência que tenham desta objetividade; os vários níveis de percepção de si mesmos e do mundo em que e com que estão.”( FREIRE, 1987)

É por meio da dialogicidade que se revelam a reflexão sobre a realidade que os educandos já trazem construída, seus níveis de percepção visão e sua leitura de mundo. “É o momento em que se realiza a investigação do que chamamos de universo temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores.”( FREIRE, 1987)

Estes temas geradores serão o resultado desta reflexão coletiva em torno de temas de relevância e significado para o grupo, referendando suas aspirações, desencadeando de forma sistematizada nas as temáticas que serão abordadas e desenvolvidas na organização e planejamento de conteúdos.

Portanto, o que Paulo Freire postula não é apenas um fazer pedagógico diferente e eficiente, ou uma nova metodologia de ensino. Através dos temas geradores e da dialogicidade que eles suscitam, o autor preconiza uma educação contextualizada, significativa, politizada, não partidária, nem neutra, porém libertadora, pois promove a consciência individual e coletiva, crítica e construtiva, visando a transformação social e, consequente, humanização.

Referência Bibliográfica:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 27.ª ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Exatamente Nara. Ao desenvolver temas geradores, as aprendizagens adquiridas iriam além do contexto escolar. Dariam significado e sentido ao contexto social e político como um todo. Hoje você já consegue perceber isso não é? hehe Abraços