domingo, 20 de setembro de 2009

* MEIOS DE PRODUÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO


Assim como a invenção do fogo, da roda, da escrita foram tecnologias determinantes de transformações, em suas épocas, nos destinos da humanidade, a linha de montagem em série, desenvolvida pela Ford, não alavancou apenas mudanças tecnológicas, no campo do trabalho, mas sistematizou um novo modo de produção impulsionando a Revolução Industrial, a re-estruturação dos meios de produção, promovendo a ideologia capitalista e seus desdobramentos no campo social, político e cultural, em âmbito mundial. A educação, enquanto movimento cultural da sociedade, também é produto e alvo destas transformações.

Advem desta formatação ideológica, a educação fragmentada em disciplinas e saberes desconectados que temos hoje. Tal compartimentalização de saberes reflete aquelas estruturas de dominação promovidas para que os trabalhadores atuassem mecanicamente, sem consciência, valor e amplitude de seus direitos e fazeres, como peças de uma gigantesca engrenagem, que poderia ser substituída ao menor desgaste. Mesmo que este modelo de educação esteja comprovadamente falido e a sociedade clame por mudanças, mesmo assim, se insiste em manter esta estrutura educacional que gera exclusão e dominação. Um novo paradigma tecnológico já se projeta e a necessidade de mudanças urge.

“Os novos modelos de produção industrial, sua dependência das mudanças de ritmo nas modas e necessidades preferidas pelos consumidores e consumidoras, as estratégias de competitividade e de melhora da qualidade nas empresas, exigem das instituições escolares compromissos para formar pessoas com conhecimentos, destrezas, procedimentos e valores de acordo com esta nova filosofia econômica.”(Santomé,1998, p. 19)

Vislumbra-se, no horizonte educacional, então, finalmente mudanças, mas estas reguladas pela necessidades do mercado, suscitando flexibilidade, descentralização e autonomia, em suma, qualificação que deve ser medida a partir de padrões empresariais de eficiência e competência.

Atualmente já percebemos a ação destes mecanismos: índices de avaliação, avaliação externa, provas (SAEB, SAERS, IDEB, ENEM) promovidas pelos órgãos que deveriam dar suporte técnico-estrutural a educação, prestando-se ao mero papel de avaliadores, se auto-descomprometendo, com sua função de mantenedores; formação continuada de professores como únicos responsáveis e incompetentes em gerir o processo educacional, onde a educação não é prioridade, mas discurso eleitoral para arrecadar votos.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Pois é, Marta! Excelente reflexão... lendo sua postagem fiquei pensando em soluções. Você tem alguma???? Volto para continuarmos... Abraços