quarta-feira, 9 de julho de 2008

TRABALHANDO COM PERGUNTAS

AUTO-AVALIAÇÃO
Nós, professores, formados no espaço político-histórico da ditadura militar, compreendido entre os anos de 1964 a 1985, sofremos a interferência direta do Estado de força e imposição, principalmente de liberdade de expressão e reflexão, no ato de pensar. Por longos e infindáveis 30 anos foram retirados de nossos currículos aquelas disciplinas que favoreciam o despertar crítico do ser humano, limitando-nos a obedecer ordens sem questionar. Foi neste contexto de formação que nasci, cresci e desenvolvi minha formação pessoal e profissional. Mas sendo o ser humano, “a suprema obra do criador”, também fomos capazes de superar esta “acefalia social” que tentaram nos impor.

Atualmente, buscamos resgatar em nossas identidades, a reflexão, o questionamento, crítica, até mesmo dar vazão àquelas dúvidas existenciais: quem sou, de onde vim, para onde vou...

Vivemos uma crise de valores éticos, morais, políticos e estruturais sem precedentes onde a corrupção corrompe, a violência esmaga, a miséria deteriora estômagos, mentes e corações e o ser humano descrê de si mesmo, como esperança de mudança. Porém, se semearmos e cultivarmos bem novas consciências, aí sim, teremos esperanças de mudanças.

Penso que trabalhar com perguntas vai além de provocar e desafiar novas construções e conhecimentos: significa instigar, no aluno sua capacidade de pensar sobre o que está aprendendo, porque e para que serve, sistematizando a prática da reflexão sobre si mesmo e a realidade que o cerca: libertar daquela “paralisia cerebral” provocada que nós sofremos naqueles tristes anos.

Policio-me, enquanto educadora, porque tendo sido formada naqueles moldes, sou tentada a oferecer respostas prontas como se soubesse as respostas pra todos os questionamentos, porém, auto-avalio-me e constato que meus alunos são bem perguntadores e ainda lhes instigo com muitas outras provocações: o que aprendemos com isto? Para que serve? Qual era o segredo desta atividade?(o que está por trás disto) E, nos seus 7,8 aninhos eles já correspondem reflexiva e criticamente. Isto significa que estou rompendo com aquelas amarras que me formataram.

Nenhum comentário: